Na primeira visita à América Latina, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joseph Biden, anunciou a intenção da administração Barack Obama de melhorar as relações com a região, buscando, juntos, uma saída para a crise econômica mundial. O vice participou hoje (28) da sexta Cúpula de Líderes Progressistas, em Viña del Mar, no Chile.
Segundo o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, com quem Biden teve um encontro bilateral, o governo dos EUA “quer dar um novo impulso, uma nova característica, novas direções” ao relacionamento com a América Latina. Em recente visita a Washington, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu a Obama a uma relação de cooperação com o restante do continente americano, e não de fiscalização.
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É a primeira vez que o grupo se reúne em um país da América Latina desde que a Rede de Líderes Progressistas foi criada, em 1999. Sob o lema “Crise financeira global e os desafios do desenvolvimento”, o debate reuniu, além de Biden e Tabaré, o presidente Lula, a anfitriã Michelle Bachelet e os líderes da Argentina, Cristina Kirchner, do Reino Unido, Gordon Brown, da Noruega, Jens Stoltenberg, e da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero.
A presença do democrata Joe Biden sinaliza a volta dos Estados Unidos
ao círculo “progressista” depois dos dois mandatos do republicano
George W. Bush. Em 1999, o então presidente Bill Clinton foi um dos
principais criadores do grupo, que surgiu numa tentativa de buscar
alternativas ao neoliberalismo sem rechaçar o capitalismo. A rede,
integrada naquela época pelos ex-presidentes do Chile, Ricardo Lagos,
do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, e da África do Sul, Thabo Mbeki,
e pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, reivindicava uma
linha ideológica de centro-esquerda, chamada “Terceira Via”, a favor de
uma globalização mais justa, com reformas no sistema financeiro e
adoção de políticas sociais.
Veja foto do encontro, com Biden, Bachelet, Brown e Lula; crédito: Claudio Reyes/EFE
Fundo social com dinheiro do pré-sal
Antes da declaração final, que deve rejeitar o protecionismo, defender a ampliação do crédito aos países em desenvolvimento e a geração de planos de ajuda para a infra-estrutura, Lula anunciou a criação de um fundo social no Brasil com os recursos da extração de petróleo em águas profundas do Atlântico, a camada pré-sal. Ele fez o anúncio depois de uma reunião bilateral com o primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltemberg.
“A Noruega tem experiências bem sucedidas de políticas econômicas e de desenvolvimento de políticas sociais. Agora que encontramos muito petróleo no Brasil, estamos muito interessados em conhecer o fundo do petróleo que foi criado na Noruega para que possamos criar algo que tenha uma similaridade e a gente utilize a riqueza do petróleo para ajudar a vida da nossa gente e não apenas para queimar combustível”, disse Lula.
Criado em 1990, o Fundo do Petróleo norueguês é gerido pelo governo, e tem como objetivo blindar o país contra as oscilações dos preços do combustível no mercado internacional. Alimentado pelos impostos e licenças de exploração, o fundo totalizava cerca de 400 bilhões de dólares no final de 2008.
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