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Origens de Ferguson: Imagens da segregação racial nos EUA dos anos 50

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Fotógrafo e cineasta Gordon Parks (1912-2006) documentou separação entre pessoas negras e brancas no Alabama em 1956; fotos são parte da exposição “Gordon Parks - Segregation Story” no High Art Museum de Atlanta

Redação

2014-12-05T08:00:00.000Z

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Gordon Parks

No Alabama dos anos 50, neon indica "entrada para pessoas negras"

Cinquenta e oito anos antes do assassinato do jovem negro Michael Brown por um policial branco em Ferguson, nos Estados Unidos, desencadear uma série de protestos no país contra o racismo estrutural na sociedade norte-americana, o fotógrafo e cineasta Gordon Parks realizou a fotorreportagem “The restraints: open and hidden”, publicada na revista norte-americana Life. As 26 imagens registravam o cotidiano de três famílias negras no Alabama, estado no sul dos EUA que foi palco de importantes episódios da luta das pessoas negras por direitos civis nos anos 50.

As leis Jim Crow de segregação racial permaneceram em vigor em alguns estados dos EUA entre 1877 e 1965. Em 1955, na cidade de Montgomery, no Alabama, Rosa Parks, uma mulher negra, se recusou a ceder seu lugar em um ônibus a um homem branco, como ditava a lei. Em 1956, ano em que Parks fotografou as famílias Thornton, Causey e Tanner na cidade de Mobile, Alabama, a estudante Autherine Juanita Lucy foi a primeira pessoa negra a ser admitida na universidade do estado.

Leia também: Número de negros em universidades brasileiras cresceu 230% na última década

As fotos de Parks apresentam uma atmosfera serena e mostram como a segregação racial prevista em lei – e exposta em uma das fotos na divisão no atendimento a “brancos” e “negros” na sorveteria onde uma mulher branca atende um homem e três crianças negras – não significava separação absoluta entre pessoas brancas e negras – como mostra a foto de uma babá negra com a bebê e a patroa brancas, por exemplo. As imagens, entretanto, carregam uma tensão que fica exposta na presença de armas e nos semblantes sérios das pessoas retratadas – o único sorriso da série aparece no rosto de uma criança branca.

 

Parks, mais conhecido por ter dirigido o filme “Shaft” (1971), foi também o primeiro cineasta negro de renome em Hollywood. Autodidata, aprendeu a fotografar com uma câmera que comprou em uma loja de penhores aos 25 anos de idade. Como escreveu em uma de suas autobiografias (“Weapons of Choice”, 1966), a fotografia foi uma das armas que escolheu para promover mudança social. 

As fotos são parte da exposição “Gordon Parks – Segregation Story”, no High Museum of Art de Atlanta, nos EUA, em cartaz até o dia 07 de junho de 2015. A reprodução na Samuel é cortesia da The Gordon Parks Foundation.

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20 Minutos

Breno Altman: esquerda deve deixar o 7 de setembro nas mãos dos bolsonaristas?

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Jornalista alerta para risco de fortalecimento da extrema direita às vésperas das eleições, se puder ocupar as ruas e controlar o Bicentenário da Independência; veja vídeo na íntegra

Pedro Alexandre Sanches

São Paulo (Brasil)
2022-08-09T20:24:00.000Z

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A esquerda se arrisca a alimentar o confronto desejado por Jair Bolsonaro se for às ruas no dia 7 de setembro. No contraponto, deixar o caminho livre para os manifestantes bolsonaristas pode trazer consequências eleitorais perigosas e imprevisíveis. 

Assim o jornalista Breno Altman avalia, no programa 20 MINUTOS ANÁLISE desta terça-feira (09/08), o dilema das forças progressistas diante da frenética mobilização bolsonarista para ocupar as principais cidades do Brasil nas celebrações do bicentenário da Independência. 

“O recuo e a intimidação não costumam ser boas saídas. A intimidação desorganiza, referenda o medo que o fascismo quer provocar e pode levar a um avanço político vitaminado do fascismo, que passa a ser assim capaz controlar as ruas e pode afetar as urnas”, afirmou o fundador de Opera Mundi.

São riscos embutidos nas várias alternativas de que o campo democrático dispõe para fazer frente a um momento decisivo para a extrema direita brasileira. A possibilidade de Bolsonaro colocar dezenas ou centenas de milhares nas ruas, sem um contraponto de esquerda, deve afetar de modos distintos os militantes bolsonaristas e os antifascistas. Por outro lado, é imprevisível o efeito desmoralizante que a hipótese de mobilizar menos gente que o bolsonarismo teria sobre a esquerda.

Uma alternativa para evitar o confronto seria a convocação de uma forte mobilização progressista para o dia 10 de setembro (sábado), por exemplo, e não para o dia 7 (quarta-feira). Isso embutiria o duplo risco de um desgaste por ter deixado as ruas livres para o bolsonarismo e da chance de o dia 10 ter menor participação popular, até por conta do recuo no dia 7. 

“O campo democrático popular teria realmente forças para uma mobilização superior à do bolsonarismo? Seria razoável chegar a uma conclusão derrotista sem colocar todo empenho para impedir que a extrema direita domine o Bicentenário? Esse derrotismo não poderia ser um problema eleitoral ou pós-eleitoral?”, questiona Altman.

Outra alternativa passaria pelo Grito dos Excluídos, ato tradicionalmente articulado no dia 7 de setembro pelos movimentos populares. "Não seria o caso dos partidos de esquerda, sindicatos e movimentos populares fazerem uma convocação ampliada desse evento, jogando todas as suas energias?”, cogita. 

Altman menciona uma solução de meio termo, nem de confronto aberto, nem totalmente apaziguadora: “Não seria o caso de ser organizado no próprio dia 7 de setembro um ato em Ouro Preto (MG), com a presença de Lula, para homenagear os Inconfidentes e Tiradentes e lançar um manifesto histórico por uma nova Independência, disputando espaço na mídia e nas redes contra o bolsonarismo?”. 

Nessa hipótese, o dia 10 de setembro se caracterizaria como uma grande concentração eleitoral dentro do calendário de campanha, sem ter deixado um vácuo que venha a ser inteiramente ocupado pela extrema direita no dia 7 de setembro.

Wikimedia Commons
O recuo e a intimidação não costumam ser boas saídas para a esquerda, defende Breno Altman sobre ato do 7 de setembro

Em busca de referências históricas, Altman contrasta o momento que se aproxima com dois fatos passados, a começar pela ascensão fascista na Itália do pós-Primeira Guerra Mundial. Num primeiro momento, os grupos liderados por Benito Mussolini eram marginais, mas se exibiam dispostos a romper os limites da democracia liberal, ao contrário dos socialistas, cujo discurso revolucionário estava contido dentro desses limites. 

A burguesia italiana entendeu que a violência poderia lhe ser útil e passou a financiá-la para intimidar rebeliões de trabalhadores impulsionadas pela Revolução Russa de 1917. Mussolini e seus partidários se lançaram nesse cenário numa escalada violenta cada vez mais acelerada, enquanto os socialistas, eleitoralmente majoritários na Itália, não eram capazes ou não tinham vontade política para enfrentar a violência fascista.

“O que se viu em seguida foi uma intimidação sem fim, com os socialistas sendo abatidos pelos fascistas e fugindo, entregando suas próprias organizações para os seguidores de Mussolini, enquanto os liberais cruzavam os braços, satisfeitos com a possibilidade de o fascismo derrotar qualquer período revolucionário”, documenta o jornalista.

O segundo fato se deu em 7 de outubro de 1934, em São Paulo, quando partidos de esquerda viveram dilema semelhante, embora fora do período eleitoral. Os integralistas de Plínio Salgado, fascistas da época, convocaram uma grande manifestação na praça da Sé, apoiados por parte da Igreja Católica e das Forças Armadas. Seu slogan, similar ao do bolsonarismo atual, era “Deus, pátria e família”.

A maioria da esquerda daquele momento optou pelo confronto, formando uma frente única entre comunistas, trotskistas, anarquistas  e outros grupos para impedir a manifestação dos fascistas, num episódio que ficou conhecido como batalha da praça da Sé ou revoada dos galinhas verdes (em referência à cor dos uniformes integralistas). A militância antifascista colocou para correr os seguidores de Plínio Salgado, e o integralismo, intimidado, nunca mais tentou uma mobilização daquele porte.

De volta a 2022, o jornalista fala sobre a aposta da esquerda (e da sociedade brasileira de modo geral) na solução pela via institucional e eleitoral. “O problema é que o bolsonarismo está rompendo e possivelmente tenha forças para romper essa cultura. Vão testar isso no dia 7. Não nos iludamos, eles possuem condições de uma forte mobilização”, pondera. “A esquerda deve jogar parada, esperando apenas pelas urnas? Não ter uma cultura de disputar as ruas com o bolsonarismo, limitando a disputa às urnas, não pode acabar virando um tiro no pé?”, indaga.

“Tenho para mim que recuar da mobilização do dia 7 é uma má saída”, responde Altman à pergunta de um espectador que compara a desmobilização social durante os anos petistas com a desmobilização para o 7 de setembro de 2022. "Muitas vezes a saída mais inteligente é o confronto, e não a omissão”, afirma, voltando ao exemplo da revoada dos galinhas verdes em 1934. 

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