Após a guerra de independência de Moçambique (1964-1974) e da guerra civil que terminou em 1992, uma rede de minas terrestres permaneceu enterrada nas dez províncias do país. Muitos desses dispositivos foram espalhados em estradas, provocando elevado número de mortes. Mas, hoje, quatro províncias do norte do país estão livres das minas, graças a um rato.
Detectar e remover minas terrestres é uma tarefa perigosa, cara e demorada. Mas o engenheiro belga Bart Weetjens descobriu uma maneira melhor de executar a tarefa. No final dos anos 1990, ele criou a APOPO, uma empresa dedicada a treinar ratos para detectar minas terrestres.
Segundo a publicação The Solutions, os ratos são adequados para o trabalho. Eles têm um excelente olfato e, ao contrário dos detectores de metal, eles podem localizar minas feitas tanto de plástico quanto de metal. Os animais são inteligentes, fáceis de treinar, de manter e tem baixo custo. Além disso, com seu peso reduzido, não provocam a detonação das minas (nenhum rato foi morto em serviço).
A espécie utilizada pela APOPO no trabalho é o rato gigante Africano (Cricetomys gambianus), uma espécie nativa da África cuja expectativa de vida é de oito anos. A organização leva nove meses para treinar um rato, e o custo equivale a um terço do gasto com a formação de um cão especializado em farejar minas. Dois ratos, trabalhando com dois treinadores, podem cobrir 300 metros quadrados de terra em uma hora. Para inspecionar essa mesma área, dois homens utilizando detectores de metais levariam dois dias.
Em Moçambique, a APOPO encontrou e destruiu mais de 1.860 minas terrestres e 776 dispositivos de explosão. O sucesso do grupo começou a atrair o interesse internacional. Em 2010, a Centro de Ação contra as Minas, na Tailândia, pediu à APOPO para inspecionar as áreas com suspeita de minas enterradas nas províncias de Trat e Chantaburi, ao longo da fronteira com o Camboja.
A APOPO acredita que os ratos também podem oferecer soluções para a área médica. No momento, eles estão sendo utilizados para identificar, pelo olfato, casos de tuberculose na Tanzânia. Trinta ratos treinados para esse fim analisaram mais de 20 mil amostras de escarro de 10 mil pacientes e detectaram 300 novos casos de tuberculose não identificados em hospitais. Os ratos podem avaliar 40 amostras de escarro em sete minutos, o equivalente a um dia de trabalho de um técnico de laboratório.
No site da APOPO (http://www.apopo.org/adoptarat.php?lang=en) é possível apadrinhar um rato para colaborar com o treinamento dos animais.
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