O pesquisador norte-americano H. Holden Thorp rebateu as exigências feitas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, à comunidade científica para que uma vacina contra o coronavírus fosse desenvolvida com rapidez.
Em artigo publicado na revista Science nesta sexta-feira (13/03), Thorp, que é editor-chefe do periódico, lembrou os cortes e os ataques feitos por Trump às instituições científicas norte-americanas e respondeu dizendo que “ciência não se faz com exigências”.
“Você não pode insultar a ciência quando você não gosta dela e de repente insistir em algo que a ciência não pode entregar sob encomenda”, diz o pesquisador.
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Thorp ainda afirma que “nos últimos 4 anos, os orçamentos do presidente Trump fizeram cortes profundos na ciência, […] tudo para atingir objetivos políticos” e lembra que “a nação teve atro anos de danos e ignorou a ciência”.
“Nos faça um favor, sr. presidente. Se você quer alguma coisa, comece a tratar a ciência e seus princípios com respeito”, diz.
O cientista também apoia as declarações do líder do Instituo Nacional de Doenças Alérgicas e Infecciosas, Anthony Fauci, que disse ao presidente dos EUA que uma vacina contra o coronavírus poderia levar no mínimo um ano e meio para ser desenvolvida.
White House
Holden Thorp lembrou cortes e ataques feitos por Trump às instituições científicas norte-americanas
“Agora, o presidente de repente precisa da ciência. […] Uma vacina deve ter uma base científica fundamental. Tem que ser fabricável. E tem que ser segura. Pedir por uma vacina e distorcer a ciência ao mesmo tempo é chocantemente discrepante”, diz.
Thorp ainda criticou o vice-presidente Mike Pence, conhecido por suas posições de negação do aquecimento global, da teoria da evolução e dos males do tabagismo.
Segundo o pesquisador, a exigência do governo Trump de que todos os comentários públicos sobre o combate ao coronavírus devem passar pela aprovação de Pence “é inaceitável”.
“Essa não é a hora para alguém que nega a evolução, o aquecimento global e os perigos do tabagismo formar a opinião pública”, afirma.