A Avaliação Europeia dos Riscos Climáticos (Eucra), primeiro relatório elaborado por uma agência da União Europeia sobre os riscos associados às mudanças climáticas, alerta que essa questão pode propiciar a disseminação da dengue.
O texto, divulgado nesta semana pela Agência Europeia do Ambiente (AEA), destaca que o alerta para o risco da doença já está alto, com países da América Central e do Sul, como Peru, Argentina, Guatemala e Brasil em estados de atenção e emergência no início de 2024.
Um dos autores da seção de saúde do relatório, Cyril Caminade, pesquisador de Ciências da Terra do Centro Internacional de Física Teórica Abdus Salam em Trieste (Ictp), na Itália, se debruçou sobre os dos crescentes riscos representados por doenças infecciosas anteriormente limitadas às regiões tropicais, que se espalham por meio de mosquitos.
Os estudos mostram que, no sul da Europa, as temperaturas já são suficientemente altas para permitir que os mosquitos-tigre transmitam doenças como dengue e chikungunya.
A espécie, de nome científico Aedes Albopictus, transmite as viroses assim como o Aedes aegypti predominante no Brasil.
“Nos últimos 10 anos, passamos de apenas 10 casos por ano para centenas, e agora também temos casos autóctones”, explicou Caminade.
Segundo o Ministério da Saúde, em 2023, na Itália, houve 362 casos de dengue, dos quais 84 foram autóctones.
Para o ministro da saúde, a situação “está sob controle”: “Estamos atentos e fazendo todo o necessário”.
Respondendo a perguntas de senadores, Orazio Schillaci disse que a Itália se distingue por ter sido o primeiro
país europeu a implementar medidas contra a doença nas fronteiras.
O país autorizou o uso duas vacinas contra a dengue, a Qdenga e a Dengvaxia, aplicadas principalmente
em caso de viagem.
Em relação às mudanças climáticas, em 2023 Roma quebrou o seu recorde de calor, e alguns hospitais italianos relataram números de pacientes internados atingindo os níveis da época de Covid-19.
O Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas descreveu no seu relatório de 2018 sobre 1,5 graus Celsius que tivemos cerca de doze anos e que tende a aumentar. O relatório alerta ainda que restam nove anos para descarbonizar rapidamente a economia global, o que representa um desafio.
(*) Com informações da ANSA