Em carta divulgada nesta terça-feira (16/11), artistas, intelectuais e entidades internacionais repudiaram a ação da polícia na Escola Nacional Florestan Fernandes, centro de formação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), no dia 4 de novembro, quando agentes da Polícia Civil do Paraná e da Polícia Militar de São Paulo invadiram a escola sem mandado judicial.
Mais de 50 entidades internacionais, além de artistas e intelectuais como a atriz Camila Pitanga e os atores Wagner Moura e Danny Glover, assinaram a nota, publicada pelo escritor e jornalista Fernando Morais em seu perfil no Facebook, contra a criminalização do MST e a invasão da ENFF.
“Centenas de intelectuais, professores e artistas brasileiros e internacionais contribuem regularmente com a escola, com palestras, cursos e materiais didáticos. A escola representa um símbolo de solidariedade aos movimentos rurais no Brasil, que defendem a democratização da educação e da terra”, diz a publicação.
Reprodução / MST
Policiais invadiram a Escola Nacional Florestan Fernandes na manhã do dia 4 de novembro
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“É preciso defender o direito fundamental de manifestação das organizações sociais e condenar a repressão contra integrantes do MST”, afirma a nota. “A defesa do direito à terra está prevista na Constituição brasileira como um dos principais pilares da democracia”, conclui.
Sem mandado de busca e apreensão, agentes da Polícia Civil do Paraná e da Polícia Militar de São Paulo cercaram e invadiram a escola, que fica em Guararema (SP), por volta das 09h25 do dia 4 de novembro. Segundo relatos de testemunhas, o cerco foi feito por 10 viaturas e os policiais não estavam identificados. Eles pularam a janela da recepção dando tiros para o ar. Os estilhaços, que acertaram uma mulher, eram de balas letais e não de borracha.
“A ação brutal e fora da ordem judicial faz parte de uma operação contra o Movimento em três estados – Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo”, afirmou a nota – outra operação policial no Paraná no mesmo dia prendeu seis integrantes do MST.
Segundo o MST, os presos em São Paulo foram a cantora Gladys Cristina de Oliveira e o bilbiotecário Ronaldo Valença Hernandes, de 64 anos.
O MST divulgou uma nota em seu site em que “repudia a ação da polícia de São Paulo e exige que o governo e as instituições competentes tomem as medidas cabíveis nesse processo. Somos um Movimento que luta pela democratização do acesso a terra no país e não uma organização criminosa”, afirmou.