Cerca de 550 crianças do coral católico da Catedral de Regensburg, na Alemanha, sofreram abusos físicos e sexuais durante sua passagem pela igreja. De acordo com a denúncia apresentada pelo advogado encarregado do caso, Ulrich Weber, os crimes teriam ocorrido entre os anos 1945 e 1992.
A denúncia publicada pela imprensa alemã nesta terça-feira (18/07) aponta que ao menos 547 crianças foram vítimas de violência, tendo registrado 500 casos de agressões físicas e 67 episódios de abuso sexual. Além de um coral, a catedral também conta com uma escola primária e um internato.
“Os afetados descreveram seus anos escolares como uma prisão, como um inferno e um campo de concentração”, afirma o advogado encarregado desde 2010 de investigar o caso da Catedral de Regensburg.
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Foram registrados 547 casos de violência com crianças do coral da Catedral de Regensburg
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Sobre os relatos das vítimas, Weber ainda disse que “muitos se referiam a esses anos coma a pior época de suas vidas, marcada pelo medo, pela violência e pelo desamparo”. O advogado ressaltou que até o momento 49 suspeitos foram identificados.
O documento de denúncia aponta que a maioria dos casos relatados aconteceu entre os anos 1960 e 1970, sendo que os primeiros episódios datam de 1945 e o último de 1992. Em 2016, a Igreja Católica se ofereceu a pagar uma indenização às famílias dos envolvidos de até 20 mil euros.
Em 2010, uma série de relatos de ex-membros do coral vieram à tona e deram origem às investigações. No ano de 2013, mais de 400 vítimas já haviam relatado os abusos sofridos dentro da igreja.
Irmão do Papa dirigiu coral e 'dava bofetadas' em crianças
Entre os anos 1964 e 1994, Georg Ratzinger, irmão do papa emérito Bento XVI, dirigiu o coral da Catedral de Regensburg. No início das investigações, em 2010, o religioso afirmou que “se eu tivesse tido conhecimento do excesso de violência que era aplicado, teria feito algo”. Ratzinger ainda pediu “perdão às vítimas” e disse que “também dava bofetadas, mas isso sempre pesou na minha consciência”.