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Anton van Leeuwenhoek, microbiologista holandês que provocou uma verdadeira revolução na concepção do microscópio e fabricou mais de 500 lentes durante sua carreira, morre aos 90 anos em 26 de agosto de 1723, em Delft (sudoeste da Holanda), cidade onde nasceu.
Desde 1674 até sua morte, ELE levou a cabo numerosas descobertas. Introduziu melhorias na fabricação de microscópios e foi o precursor da biologia experimental, da biologia celular e da microbiologia.
Vida pessoal
Leeuwenhoek nasceu em 24 de outubro de 1632, e cursou estudos em Amsterdã. Porém, recebeu escassa formação científica. Em 11 de julho de 1654, casou-se com Berber de Mey, filha de um comerciante de tecidos. Quatro de seus cinco filhos morreram cedo. Em 1666, ficou viúvo, casando-se novamente em 1671 com Cornelia Swalmius.
Em 1669, se converteu em agrimensor e, a partir de 1679, inspetor e controlador de vinhos. Assumiu o comércio de tecidos do sogro e, para observação da qualidade dos panos, construiu lupas muito melhores do que as do mercado à época.
Chegou também a trabalhar como auxiliar do corpo de polícias de Delft, onde construiu, como passatempo, diminutas lentes biconvexas montadas sobre platinas de latão, sustentadas bem próximas aos olhos. Através delas era possível observar objetos minúsculos, ampliando-os até 300 vezes, potência que excedia largamente os primeiros microscópios de lentes múltiplas. Contudo, manteve em segredo a arte de construir suas lentes. Por essa razão, novas pesquisas sobre bactérias só foram evoluir com o microscópio composto, concebido no século XIX.
Segredos
Ao morrer, deixou 26 microscópios à Royal Society que nunca foram utilizados. Em 29 de maio de 1747, é vendido um lote de mais de 350 de seus microscópios, bem como 419 lentes. Seus melhores artefatos conseguiam mais de 200 aumentos. Não deixou nenhuma indicação sobre os métodos de fabricação das lentes e foi necessário esperar-se varias décadas para se dispor de microscópios mais potentes. Ignora-se até hoje como ele iluminava os objetos observados.
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O mais potente de seus instrumentos, conservados até hoje, tem uma taxa de ampliação de 275 vezes e um poder de resolução de 1,4 micrômetros. Apesar de ter presenteado alguns dos instrumentos a pessoas próximas, jamais chegou a vendê-los. Estima-se que somente uma dezena dos microscópios que construiu estejam conservados.
Leeuwenhoek nunca escondeu que guardou em segredo os aspectos da construção de seus instrumentos, em particular o mais importante: a forma como criava as lentes. Durante muitos anos ninguém foi capaz de reconstruir suas técnicas de desenho. Finalmente, nos anos 1950, o norte-americano C. L. Stong usou um fio delgado de cristal fundido em vez de polimento e criou com êxito algumas amostras funcionais de um microscópio a partir dos desenhos de Leeuwenhoek.
Em 1668, o holandês levou adiante o descobrimento da rede de capilares do italiano Marcello Malpighi, demonstrando como circulavam os glóbulos vermelhos pelos capilares da orelha de um coelho e a membrana interdigital da pata de uma rã. Em 1674, realizou a primeira descrição precisa dos glóbulos vermelhos do sangue. Fez observações, mais tarde, da água retida num tanque, da água da chuva e a saliva humana e destacou a presença do que chamou de animálculos, hoje conhecidos como protozoários e bactérias. Em 1677, descreveu os espermatozóides dos seres humanos.
Carreira
Opôs-se à teoria da geração espontânea demonstrando que os carunchos (inseto da família do cupim e do besouro) não surgiam espontaneamente a partir de grãos de trigo e sim que se desenvolviam a partir de ovos diminutos. Examinou plantas e tecidos musculares e descreveu três tipos de bactérias: bacilos, cocos e espirilos.
Conta-se que ele foi o modelo da obra de seu amigo, o pintor Jan Vermeer “O Geógrafo”. Em reconhecimento aos seus descobrimentos, foi nomeado membro da Royal Society de Londres em 1680.
Deixou uma imensa obra constituída unicamente por cartas, algumas publicadas no Philosophical Transactions of the Royal Society. Mais de 300 totalmente redigidas em holandês e a maioria enviada à Royal Society. Numa carta dirigida a Henry Oldenburg, datada de 30 de outubro de 1676, escreve que esperava receber de seus correspondentes objeções as suas pesquisas e que se comprometia a corrigir eventuais erros. Nelas respondeu também os primeiros sinais de ceticismo quanto às suas descobertas.
O médico e anatomista holandês Regnier de Graaf foi quem apresentou as primeiras observações de Leeuwenhoek à Royal Society, em 1673. Nelas descrevia a estrutura do mofo e do aguilhão da abelha. A correspondência entre a Sociedade e o cientista holandês prosseguiu por quase 40 anos, até sua morte em 1723. A Royal Society o admitiu como membro em 1680 e a Academia de Ciências de Paris o admitiu como membro correspondente em 1699.
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