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A Vênus de Urbino, de 1538, de Tiziano Vecelli, uma tradução da belexa ideal da época
Morre em 27 de agosto de 1576 em Veneza, o grande pintor Tiziano Vecelli, chefe da escola veneziana do ’’Cinquecento’’ (século XVI). Muito jovem ainda, tornou-se o retratista oficial dos doges de Veneza, sucedendo nesta função ao seu mestre Bellini.
A capacidade de valorizar o status das personalidades lhe valeu o título de pintor oficial de todos os que pontificavam na Itália da Renascença. Ele retratou os maiores soberanos de seu tempo : o papa Paulo III, o imperador Charles V, o rei Filipe II, da Espanha, e até mesmo o rei Francisco I, da França.
Quem não conhece a Vênus de Urbino ? Este nu da Renascença Italiana traduz a beleza ideal, o que fez dele a tela mais copiada da história da pintura. Seus motivos são encontrados no Olympia de Manet bem como em Maja Nua, de Goya. A pose do modelo e as cores quentes que o envolvem experimentam a um só tempo alegria e sensualidade.
Tiziano nasceu em 1490, em Pieve di Cadore. Ainda menino foi morar com um tio em Veneza, tornando-se aprendiz do mestre do mosaico, Sebastiano Zuccato. Após a morte do mestre, em 1510, Tiziano encarregou-se de concluir alguns dos seus quadros, como A Vênus Adormecida e Concerto Campestre.
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Em 1518, alcança a fama com Assunção da Virgem, que antecipava diversas características do Barroco e mesmo do Modernismo. [na reprodução abaixo, um autorretrato de 1567]
Tiziano costumava assinar suas telas acrescentando um ‘p’ de pintor. Dedicou-se, ao contrário de muitos de seus contemporâneos, exclusivamente à pintura, conquistando glória e riqueza, acabando por sentar-se à mesa com a nobreza e ser aclamado por papas e reis.
Um dos mais versáteis pintores italianos, ele era conhecido pelos seus colegas e admiradores como “o sol entre as estrelas”. Suas telas transmitem muita cor, luz, expressividade e sensualidade. Pintava habitualmente cenas bíblicas e da mitologia.
Ao longo da carreira experimentou técnicas variadas. No começo, valia-se de pinceladas cuidadas e finas, mais tarde passou a utilizar-se de pinceladas grossas e desorganizadas. Em 1566, ao visitar Tiziano, Giorgio Vassari observou que as suas primeiras obras tinham sido executadas com muito cuidado, mas os seus últimos quadros eram elaborados com largas e ousadas pinceladas e manchas, de modo que de perto não se conseguia ver nada, mas de longe parecia tudo perfeito. Admiradores não compreenderam a mudança, que interpretavam com sinal de decadência. Vassari entendeu que a nova técnica dava à obra aparência de espontaneidade, e, longe de indicar declínio, mostrava o desenvolvimento de um estilo mais livre.
Palma, um dos discípulos de Tiziano, deixou uma vívida descrição dos métodos de trabalho do mestre: ele cobria antes as telas com amplas massas de cor, que constituíam a base da composição, indicando os meios-tons com “terra rossa”, provavelmente vermelho veneziano, ou com branco. Com o mesmo pincel trabalhava as partes mais claras e com quatro pinceladas criava uma figura extraordinária. Quando concluía o “esboço”, colocava o quadro na parede e lá o deixava durante meses, até o retomar e examinar com olhar crítico. Finalmente punha-se a fazer tantas alterações, quantas julgasse necessárias.
Quando se dava por satisfeito, passava os últimos retoques, por vezes modulando com o dedo os pontos mais luminosos até transformá-los em meios-tons, ou harmonizá-los com as cores em redor reavivando a composição com um pouco de vermelho semelhante a uma gota de sangue, ou com uma mancha escura, igualmente aplicada com o dedo.
Para Vassari, a maneira correta de pintar começava com a execução de esboços sobre papel, trabalhando-se cuidadosamente cada detalhe da composição, transferia-se o desenho para a madeira ou para a tela e se punha a pintar. Era o método adotado pelos expoentes da Escola Florentina, tais como, Leonardo, Rafael e, sobretudo, Michelangelo. Tiziano, como os venezianos em geral, parecia ignorar este método.
Certo dia em 1545, em Roma, Tiziano recebe a visita de Michelangelo que afirmou gostar de seu colorido e estilo, mas estranhava os venezianos não aprenderem a desenhar bem desde os primeiros passos.
Os venezianos tentavam explorar ao máximo a cor e a luz, e com esse objetivo usavam tonalidades intensas, jogavam com tons quentes e frios, procuravam captar os mais variados efeitos luminosos nas diferentes horas do dia.
Principal representante da escola, Tiziano não só concretizou esses ideais com perfeição de gênio, como ainda os enriqueceu com importante contribuição pessoal.
Suas paisagens de fundo, ricas em contraste de tons, conservam o espírito poético de Giorgione, porém as figuras são mais exuberantes que as de seu precursor. A composição é mais ousada, a pincelada larga e as manchas decididas ultrapassam as fluidas pinceladas, ajudando a criar atmosferas de maior intensidade, seja no drama violento de um quadro como Tarquínio e Lucrécia, ou na incontida alegria de A Bacanal, e mesmo na mística apoteose de A Ascensão de Nossa Senhora.
Também nesse dia:
551 a. C. – Nasce o filósofo chinês Confúcio
1828 – Brasil reconhece a independência do Uruguai
1831 – Físico Michael Faraday descobre a indução eletromagnética
1883 – Explosão de vulcão extingue ilha de Krakatoa