Julius e Ethel Rosenberg morrem na cadeira elétrica em 19 de junho de 1953. Tinham respectivamente 37 e 35 anos e deixaram dois órfãos de dez e seis anos.
Esses membros do Partido Comunista dos Estados Unidos foram condenados à morte dois anos antes por um júri popular, acusados de ter fornecido segredos da bomba atômica ao vice-cônsul soviético em Nova York.
Wikimedia Commons- casal no dia de sua condenação
Sua culpabilidade, durante muito tempo colocada em dúvida, despertou manifestações em todo o mundo sob o pano de fundo que, à época da Guerra Fria, estava no auge nos Estados Unidos, que viviam a era do macartismo.
Os fatos remontam à II Guerra Mundial, quando Washington esteve aliada a Moscou na guerra contra o nazi-fascismo.
David Greenglass, irmão de Ethel, ele mesmo comunista, servia no regimento do exército estabelecido ao lado de Los Alamos, Novo México, onde se desenvolviam estudos para a produção da bomba atômica, sob o nome em código de “Manhattan Project”. Com a colaboração de sua mulher Ruth, David recolhe informações sobre o projeto e as transmite ao seu cunhado, tendo em vista, segundo os relatórios de investigação policial, “ajudar o regime de Stálin a se dotar, por seu turno, da bomba atômica”.
Preso por espionagem, David Greenglass nega, a princípio, os fatos. Posteriormente, após oito meses de hesitação, acusa os Rosenberg em troca da liberdade de sua mulher e de sua própria vida.
Acusa diretamente sua irmã Ethel de o ter ajudado a retranscrever os documentos sobre a bomba atômica. Seu testemunho levou à convicção do júri.
Em sua prisão de segurança máxima Sing-Sing, perto de Nova York, o casal Rosenberg negou até o fim sua culpabilidade, quando uma confissão poderia salvá-los da cadeira elétrica.
Sua condenação à morte em 29 de março de 1951 não mexe com a indiferença generalizada da opinião pública interna, porém faz a festa para o senador Joseph McCarthy e relança sua “caça às bruxas” e a “ameaça vermelha”.
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O caso Rosenberg ganha repercussão mundial a partir de 1952 quando as forças comunistas e progressistas em todo o mundo proclamam a inocência dos condenados lançam uma campanha para salvar suas vidas. Denunciam ao mesmo tempo um presumível antissemiitismo dos jurados.
Dos dois lados do Atlântico, os comunistas, mas também os liberais, reclamam que lhes seja concedida a graça.
Personalidades igualmente comedidas, como o escritor católico de direita François Mauriac, se convencem da inocência dos acusados. O próprio papa Pio XII implora clemência. O filósofo Jean-Paul Sartre maldiz o povo norte-americano e compara a execução às hecatombes hitlerianas.
Depois da abertura dos arquivos americanos e soviéticos nos anos 1990, comprova-se que alguma responsabilidade na espionagem dos segredos atômicos o casal Rosenberg teve, embora a gravidade das ações de Ethel e Julius fosse diferente.
Os dois comunicavam-se desde 1942 com os soviéticos, quando ambos os países lutavam como aliados contra a Alemanha nazista, sob o codinome de “Liberal” e “Antena”. Foram descobertos graças à decifração das mensagens criptografadas, o que a CIA não quis fazer constar do processo para proteger suas fontes.
As “Memórias” do agente secreto soviético Alexandre Feklissov publicadas em 1999 confirmam as acusações do FBI. Ele reconhece ter mantido contatos com Julius Rosenberg quando prestava serviços em Nova York.
Físicos que examinaram os documentos furtados por David Greenglass e transmitidos aos Rosenberg confirmaram que eles tinham pouco conteúdo científico e que, de modo algum, ajudaram a União Soviética a fabricar sua própria bomba atômica.
Segundo o historiador Florin Aftalion, Julius Rosenberg foi sobretudo útil aos soviéticos ao lhes fornecer informações sobre os radares de modelo mais avançado.
Entrevistado a propósito das Memórias de Feklissov, em 5 de dezembro de 2001, pelo canal de televisão CBS, o irmão de Ethel Rosenberg, David Greenglass, então com 79 anos, afirmou não mais se lembrar da pessoa que teria datilografado seus documentos e posteriormente manipulado pelos investigadores. Esta confidência tardia não levantou maior interesse sobre o caso. Os filhos do casal Rosenberg, adotados por outra família, tiveram de mudar o sobrenome. Reconheceram a participação de seus pais neste caso de espionagem, mas sem a gravidade imputada a eles. Essa participação, num clima político normal, jamais os levaria a serem executados na cadeira elétrica.
Também nessa data:
1867 – O imperador mexicano Maximiliano é capturado e executado
1905 – 'Nickelodeon' de Pittsburgh introduz o cinema nos EUA
1961 – Kuwait obtém independência do Reino Unido
1965 – Houari Boumedienne derruba o presidente Ahmed Ben Bella do poder na Argélia
1982 – Banqueiro Roberto Calvi é encontrado enforcado em Londres