Em 4 de maio de 1919, pouco após o nascimento da República Chinesa, 3 mil estudantes se manifestam em Pequim, na praça Tien An Men.
Denunciavam as “21 Condições” apresentadas pelo Japão ao governo chinês, pois elas tenderiam a uma colonização da China. Protestavam também contra o Tratado de Versalhes, que transferiu ao Japão as concessões alemãs de Chang-toung, uma província do norte do país.
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Liderados por jovens intelectuais progressistas, os estudantes denunciavam igualmente o peso das tradições, o poder dos mandarins e a opressão sobre as mulheres. Manifestavam-se favoráveis à modernidade e às novas ciências.
O “Movimento de 4 de Maio”, assim batizado pelos historiadores, traduzia a emergência na China de uma consciência patriótica oposta aos ocidentais e aos japoneses e pela abolição do império manchu. Muitos de seus líderes se filiaram ao Partido Comunista Chinês na esperança de regenerar a China. Trinta anos mais tarde, celebraram na praça Tien An Men o triunfo da revolução comunista. E, 70 anos mais tarde, na mesma praça, outros estudantes clamaram por democracia. Sua revolta terminaria num banho de sangue mas desembocaria, paradoxalmente, numa abertura do país ao mundo exterior.
Os protestos em Pequim eclodiram visto que muitos chineses percebiam condições humilhantes no Tratado de Versalhes que pôs fim à Primeira Guerra Mundial. Ainda que a China, em sua condição de aliada das potências vencedoras, pertencesse ao lado ganhador, a debilidade do então governo de Pequim levou a cessão ao Japão de numerosos privilégios comerciais em Shandong, anteriormente concedidos à Alemanha. As concessões despertaram um profundo sentimento contra o Japão, que se traduziu em protestos em todo o país e uma manifestação de cerca de 3 mil estudantes na então pequena praça Tian An Men, diante da porta da Cidade Proibida de Pequim. Os estudantes gritavam lemas em que se pedia rechaço às “21 Condições” japonesas e a negativa de assinar o Tratado de Versalhes e foram reprimidos.
O presidente Xu Shichang e o primeiro-ministro se opuseram ao movimento, considerando negativo para China retirar-se da Conferência de Paz de Paris. Xu respaldou publicamente os 3 delegados chineses. Os antigos aliados de Xu no parlamento, no entanto, decidiram usar os protestos para desprestigiar seu adversário, Duan Qirui, dirigente da camarilha de Anhui, acusando-o de pró-japonês e de ter causado prejuízo na conferência de paz.
Em 19 de maio de 1919, ante o crescimento dos protestos, o governo decidiu destituir os 3 delegados, enquanto ainda insistia na necessidade de subscrever o tratado de paz. Em 10 de junho a camarilha publicou sua nova postura ante o tratado: vendo-se identificada como a responsável pelas condições desfavoráveis, anunciou sua intenção de seguir o “clamor popular” incorrendo na irritação do presidente, que viu perder o apoio da principal fração parlamentar. O tratado ficava sem possibilidade de ser ratificado pelo parlamento. O presidente e o governo apresentaram sua renúncia no dia seguinte.
Duan, que dizia não desejar assumir a presidência naqueles dias de crise interna, decidiu respaldar publicamente o presidente, que se manteve no cargo. Apesar da decisão de Xu de firmar o tratado, os delegados por fim não o fizeram, não se sabe se por iniciativa própria, desobedecendo o presidente ou por terem sido impedidos pelos manifestantes chineses em Paris.
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Os protestos de 4 de maio foram um reflexo das transformações bastante profundas que se estavam produzindo na sociedade chinesa. A crescente industrialização e a melhora do sistema educativo geraram um crescimento da classe média urbana que via com preocupação o estado de crise nacional.
Também nesta data:
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