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No aniversário dos trinta anos do fim da Guerra das Ilhas Malvinas completados nesta quinta-feira (14/06), a presidente argentina Cristina Kirchner realizará um pronunciamento no Comitê de Descolonização das Nações Unidas, em Nova York, reivindicando a soberania do país sul-americano sobre o pequeno arquipélago do Atlântico Sul.
O governo argentino também publicou um anúncio de meia página em alguns jornais do Reino Unido com uma carta da chefe de Estado. Nela, Kirchner afirma que o controle do Reino Unido sobre as Ilhas Malvinas é um “caso de colonialismo anacrônico” e pede que os britânicos deem “uma chance à paz”.
A embaixadora argentina em Londres, Alicia Castro, também publicou uma carta na edição de quinta-feira do jornal The Independent criticando a invasão das ilhas por seu próprio país em abril de 1982. Segundo ela, a guerra tratou-se de “uma tentativa vil” da junta militar ditatorial que governava o país de se manter no poder ganhando apoio popular. E que o objetivo atual do governo é a retomada de negociações para se obter a paz e a reconciliação.
Na véspera, o premiê britânico David Cameron, afirmou que o recém-anunciado plebiscito entre a população residente nas ilhas “vai colocar um fim definitivo à questão”, e pediu para que Kirchner parasse com as reivindicações, qualificando-as de “ameaças agressivas”.
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Na carta intitulada “Vamos pôr um fim ao colonialismo acatando resoluções das Nações Unidas”, a presidente afirma que “desde 1965 a ONU adotou 39 resoluções exigindo que Reino Unido e Argentina negociem uma solução pacífica para encerrar a disputa territorial e critica a insistência de governo britânico e não aceitar essas resoluções”.
A presidente afirma que, em 3 de janeiro de 1833, uma força naval britânica expulsou as autoridades e populações legítimas da Malvinas, versão histórica que é rejeitada por Londres.
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Kirchner irá se encontrar com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon para pedir que a entidade obrigue os britânicos a negociarem o território ultramarino. Ela também fará o primeiro discurso de um chefe de Estado na história do Comitê de Descolonização, criado em 1961.
Londres
Em uma sessão na Câmara dos Comuns (equivalente à Câmara dos Deputados) britânica, David Cameron afirmou na quarta-feira (13/06) que o referendo, marcado para 2013 irá assegurar à população das ilhas o direito de decidirem seu status político, e que o governo argentino precisa respeitar a decisão.
A votação, decidida de maneira unilateral por Londres, definirá se a população quer continuar sob domínio britânico ou não.
Ele pediu para que os “kelpers” (nome dado pelos britânicos aos residentes nas ilhas) “falem com voz bem alta” para que a Argentina os escute. O premiê conservador disse que o governo Kirchner sempre tenta “esconder” o argumento da autodeterminação e “fingir que a opinião” dos moradores não conta.
Também afirmou que o governo continuará a garantir a defesa militar nas ilhas para “proteger o direito à autodeterminação” da população local.
Em 1982, o governo argentino, que sempre reivindicou a soberania sobre o pequeno arquipélago, invadiu as Malvinas, dando início a uma guerra com o Reino Unido que resultou na morte de mais de mil soldados. O conflito se encerrou em 13 de junho com a rendição do país sul-americano, o que contribuiu também para a queda da junta militar que governava o país.
Embora os dois países tenham reatado relações diplomáticas, elas sempre permaneceram tensas por essa disputa.