Agência Efe
O liberal Mark Rutte acena para os partidários no discurso em que anunciou sua vitória; agora, ele busca formar um governo de coalizão
Com 98% dos votos apurados, o VVD (Partido Popular para a Liberdade e a Democracia), partido liberal de direita liderado pelo primeiro-ministro Mark Rutte, venceu nesta quinta-feira (13/09) a eleição legislativa da Holanda. A votação garantiu 41 assentos no Parlamento ao partido do premiê, que apoia as diretrizes de rigor fiscal da chanceler alemã Angela Merkel para toda a União Europeia. Em segundo ficou o PvdA (Partido Trabalhista), de centro-esquerda, liderado por Diederik Samson, que propunha uma agenda mais desenvolvimentista.
Com o resultado, cabe a Rutte empreender a formação de um novo governo. Todos os analistas apontam para uma aliança entre os dois partidos mais votados, com a adesão de outras legendas de representação menor. Nenhum partido chegou perto do número de assentos necessários para governar com maioria absoluta no Parlamento local (76 das 150 vagas).
“Nessa eleição, nós lutamos casa a casa, rua a rua, cidade a cidade, e eu estou orgulhoso. Amanhã darei os primeiros passos para a formação do gabinete”, declarou Rutte na noite de quarta-feira (12), após Samsom reconhecer a derrota.
O líder trabalhista já admitiu que o acordo para a coalizão com os trabalhistas poderá ocorrer rapidamente, mas exigiu um abrandamento na diretriz austeridade fiscal das contas internas adotada no governo anterior. “Ninguém sabe exatamente o que vai acontecer amanhã [quinta-feira], mas uma coisa é certa: é necessário uma mudança, as políticas de direita dos últimos dois anos não podem continuar”, disse.
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VVD e PvdA obtiveram um resultado significativamente melhor do que a última eleição em 2010, que fragmentou o cenário político do país e obrigou Rutte a se aliar com a extrema-direita. Eles possuíam, respectivamente, 31 e 30 assentos.
Outros partidos
O principal derrotado da eleição acabou sendo exatamente o partido anti-islâmico PVV (Partido para a Liberdade), liderado por Geert Wilders. Em 2010, ele se consolidou como a terceira força política do país ao eleger 24 representantes, tornando-se também uma das principais referências da extrema-direita no continente. No entanto, o partido passou por uma crise interna, perdeu quatro deputados, rompeu com o governo em abril (forçando a antecipação das eleições) e agora só elegeu 15 representantes.
O PVV obteve o mesmo número de representantes que o arquirrival SP (Partido Socialista), que manteve as mesmas 15 vagas de 2010. O resultado pode ser considerado decepcionante para a esquerda e seu líder, Émile Roemer, já que há duas semanas eles apareciam em segundo lugar nas pesquisas, prevendo uma bancada de 30 deputados. Na véspera da votação, o escore esperado era de, no mínimo, 20. No entanto, a maioria desses votos migrou no final para o PvdA.
Agência Efe
O líder trabalhista, Diederik Samson, reconheceu a derrota e deve participar do novo governo. Mas exige agenda mais voltada para o crescimento
Em comum, PVV e SP criticam os cortes orçamentários em favor das políticas de austeridade fiscal e, por razões completamente distintas, são contra o empréstimo de bilhões de euros para o rolamento da dívida pública de países-membros da EU com graves dificuldades financeiras, em especial a Grécia. Nenhum dos dois irá integrar a coalizão, mas tampouco se coligarão em um bloco opositor unificado, dadas as gigantescas diferenças ideológicas.
O CDA (Aliança Democrata-Cristã) voltou a apresentar declínio, e também perdeu oito vagas: das 21 anteriores, caiu para 13. Já os liberal-democratas do D66. Os dois devem participar da coalizão, subiram de 10 para 12 parlamentares.
Esta foi a quinta vez em dez anos que os holandeses foram chamados às urnas para eleições legislativas. Dos quase 13 milhões de holandeses com direito de voto, participaram 74%, o que representa uma redução de um ponto em relação ao pleito de 2010. O resultado funal da eleição só será divulgado pelas autoridades na próxima segunda-feira (17).