Agência Efe (13/09/12)
O enviado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, desembarcou nesta quinta-feira (13/09) na capital do país para negociar com autoridades do governo de Bashar Al Assad e grupos da oposição. É a primeira vez que o diplomata argelino visita a Síria desde que assumiu o cargo, há duas semanas.
Brahimi, que substituiu Koffi Annan no posto, se encontrará com o ministro das Relações Exteriores sírio, Wali al Moualem, ainda nesta quinta-feira e também deve se reunir com o presidente do país nos próximos dias.
[Brahimi, à esquerda, se encontra com o vice-ministro de Relações Exteriores sírio, Faisal Muqdad, em Damasco]
“Existe uma crise, ninguém pode negar isso”, disse ele em Damasco. “É uma crise que está piorando, ninguém discorda da necessidade de parar com o derramamento de sangue para reestabelecer a harmonia.”
O diplomata tem a difícil função de negociar uma solução de paz para o conflito sírio, que ocorre há 18 meses. “Nós esperamos contribuir para o fim da violência durante os próximos dias e semanas”, acrescentou Brahimi.
O vice-ministro das Relações Exteriores sírio, Faisal Muqdad, reiterou hoje o apoio do governo de Assad à missão de paz do enviado. “Nós confiamos que Brahimi tem um entendimento geral dos fatos e da forma como resolver esses problemas, apesar de sua complexidade”, disse ele.
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O diplomata argelino desembarcou acompanhado de Mokhtar Lamani, que permanecerá em Damasco para assumir sua nova função de chefe do Ponto de Contato Nacional da ONU, segundo informações do porta-voz de Brahimi, Ahmad Fawzi.
Depois de sua estadia na Síria, o enviado irá para Teerã para se reunir com autoridades iranianas. Brahimi também esteve na capital egípcia, onde se reuniu com o secretário geral da Liga Árabe, Nabil al Arabi, e com o presidente do Egito, Mohammed Mursi.
Nesta quinta, o presidente egípcio voltou a acusar Assad de crimes contra sua própria população e pediu, mais uma vez, que deixasse o poder. O ministro de Relações Exteriores britânico, William Hague, também se pronunciou sobre o caso e disse que o regime sírio está fadado a morrer. “Tantos crimes foram cometidos que ele não deve sobreviver”, disse ele.
“Quase impossível”
Desde que assumiu o posto, no fim de agosto, Brahimi lida com uma complicada situação na Síria, que divide não só a sociedade do país como as potências internacionais. Estima-se que pelo menos 25 mil pessoas foram mortas em 18 meses de confrontos.
Em uma recente entrevista à rede britânica BBC, o mais novo mediador do conflito descreveu sua missão como “quase impossível” e reiterou que assume o cargo sem nenhuma ilusão. “Eu sei o quanto é difícil. Não posso dizer impossível, mas é quase impossível”, afirmou o diplomata que disse já sentir o “peso da responsabilidade”.
Brahimi explicou que alcançar uma solução diplomática para o conflito é muito difícil e acrescentou que pouco está sendo feito nesta direção. “As pessoas estão dizendo ‘O povo está morrendo, o que está sendo feito?’ E não estamos fazendo muito. E isso é um peso terrível”, contou ele.
O diplomata, que já serviu na África do Sul depois do fim do apartheid e no Iraque após a intervenção dos Estados Unidos, disse sentir que está na frente de uma parede de tijolos, procurando por rachaduras que possam levar a uma solução.
Annan renunciou ao cargo de enviado especial no dia 2 de agosto por não enxergar maneiras de solucionar o conflito na Síria. “É impossível para mim ou para qualquer outra pessoa convencer o governo e a oposição a dar os passos necessários para abrir um processo político”, disse ele na ocasião.