O presidente Bashar al Assad declarou que não vai deixar a Síria em uma entrevista exclusiva para a rede russa Russia Today divulgada nesta quinta-feira (07/11). A declaração vai contra o acordo de paz entre o governo e a oposição, que exige a saída do chefe de Estado do país.
“Eu não sou um fantoche. Eu não fui criado no Ocidente ou para viver em qualquer lugar do Ocidente”, disse ele. “Eu sou sírio, nasci na Síria e tenho que viver e morrer na Síria”. O presidente deu uma resposta negativa, assim, a proposta do premiê britânico, que ofereceu nesta terça-feira (06/11) passagem segura a Assad caso sua fuga garantisse a resolução do conflito.
Em resposta a pergunta sobre possibilidade de intervenção militar, o presidente alertou para consequências inesperadas. “Nós somos o último reduto de secularismo e estabilidade na região e a convivência, vamos dizer, terá um efeito dominó que afetará o mundo do Oceano Atlântico ao Pacífico e vocês sabem a implicação disso para o resto do mundo”, afirmou Assad.
O governo russo, um dos principais aliados do regime sírio no cenário internacional, vetou no Conselho de Segurança das Nações Unidas todas as resoluções que incluíam a cláusula pedindo pela saída do presidente. O ministro das Relações Exteriores do país, Sergey Lavrov, reafirmou o seu compromisso com o governo de Assad em uma declaração nesta quinta (08/11). “Se a prioridades deles é, metaforicamente falando, a cabeça de Assad, os apoiadores deste tipo de abordagem devem entender que o preço para isso será a vida dos sírios”, disse o ministro. “Bashar al Assad não vai a lugar nenhum e ele nunca deixará a Síria, não importa o que digam. Ele não pode ser persuadido a tomar este passo”.
Enquanto o governo sírio e seus aliados reafirmam exigências para possível negociação, os países alinhados com as forças da oposição do país também elevaram o tom de ameaças. O premiê britânico, que tem se envolvido cada vez mais nas negociações sobre o conflito no país, resolveu nesta quinta (08/11) mudar a estratégia seguida pelo Reino Unido em relação a Síria.
Oposição
O Conselho de Segurança Nacional britânico vai discutir a crise síria em uma sessão especial na próxima semana e os oficiais afirmaram que devem rever a sanção da União Europeia no fornecimento de armas para o país. De acordo com apuração do jornal Guardian, Cameron vai concentrar forças para colocar a possibilidade de retirar Assad do poder “de volta na mesa” de negociação.
“O que eu vi e ouvi, hoje, é realmente terrível”, disse Cameron depois de visita em campo de refugiados que abriga mais de 110 mil sírios. “Eu acho que com o presidente Obama com um novo mandato… é realmente importante discutirmos o que mais podemos fazer para ajudar a resolver a situação”.
Em outra indicação do aumento da tensão entre os países quanto à questão síria, a Turquia pediu oficialmente nesta quinta (08/11) o envolvimento militar da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em sua fronteira com a Síria. Sob o argumento de que a sua segurança nacional está ameaçada, Ancara quer que o bloco militar desloque mísseis ao longo de 900 quilômetros de fronteira. Se aprovada, a medida pode estabelecer zona de exclusão aérea na região e evitar os bombardeios das forças pró-Assad.
Resolução distante
O presidente da Liga Árabe disse nesta quarta (07/11) que Assad não vai permanecer no poder por muito tempo, mas pediu para os grupos da oposição superarem suas diferenças. “É importante unificar a visão da oposição, especialmente porque todos sabem que o regime na Síria não vai se manter e um dia a Síria viverá uma nova situação”, afirmou Nabil el Araby citado pela rede Al Jazeera.
Especialistas também indicam que o sucesso dos rebeldes depende, neste momento, de sua unidade ideológica e capacidade de organização. Os grupos que compõe a oposição síria, no entanto, não têm demonstrado união e muito menos, acordo durante o encontro do Conselho Nacional Sírio em Doha, capital do Catar, que teve início neste domingo (04/11).
Os 420 membros presentes na assembleia devem escolher dois líderes e um presidente para comandar a oposição. Segundo informações da Al Jazeera, o processo eleitoral está acontecendo e deve terminar ainda hoje com as nomeações.
Formado por exilados e antigos aliados de Assad, o conselho é alvo de muitas críticas por grupos da oposição que permanecem no território sírio lutando contra Assad. Por esta razão, a reunião pode não ter resultados efetivos.
Estima-se que pelo menos 35 mil pessoas foram mortas desde o início das revoltas populares contra Assad em março de 2011. Segundo a ONU, cerca de 1,2 milhões de sírios precisam de ajuda humanitária urgente.
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