Agência Efe (18/12)
O Enviado Especial das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, participa de reunião da Liga Árabe no Cairo
O Enviado Especial das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, chegou neste domingo (23/12) em Damasco. É a terceira vez que o diplomata argelino viaja ao país na tentativa de resolver o conflito de 21 meses entre o governo e grupos da oposição, que já deixou pelo menos 40 mil mortos.
Desde sua última visita a Síria, em outubro deste ano, as lutas se intensificaram nas principais cidades do país e a crise humanitária se agravou ao redor de todo o território, com aumento do número de deslocados internos e de pessoas sem acesso a alimentação.
Ao invés de desembarcar diretamente na capital síria como havia feito nas outras vezes, Brahimi viajou de avião até o aeroporto de Beirute, no Líbano, e se dirigiu para Damasco de carro. Nas últimas semanas, batalhas tomaram conta das rodovias de acesso ao aeroporto da capital síria.
O enviado especial ainda não realizou nenhum discurso público ou para imprensa sobre sua nova missão, mas oficiais não identificados garantiram que Brahimi irá se reunir com o chanceler sírio ainda neste domingo (23/12) e com o presidente Bashar al Assad na segunda-feira (24/12).
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Ainda não está claro quais são as novas propostas que o diplomata argelino irá apresentar para as autoridades do regime sírio. Em sua última missão no país, Brahimi promoveu um acordo de cessar-fogo temporário entre as forças do governo e da oposição. A trégua, no entanto, não teve sucesso na prática, sendo rompida por diversas vezes por ambas as partes.
Diálogo e bombardeios
O ministro da Informação da Síria, Omram al Zoabi, declarou neste domingo (23/12) a repórteres que não havia sido informado da visita do diplomata.
Em uma entrevista coletiva, o membro do governo de Assad reiterou pedidos para um diálogo nacional, mas continuou a nomear as forças da oposição de “grupos terroristas”. “Nós falamos de diálogo com aqueles que acreditam nisso. Mas, com aqueles que rejeitam o diálogo e pedem por armas e o uso da força, a coisa é diferente”, afirmou.
Horas depois do pronunciamento de Zoabi, aviões do governo sírio bombardearam uma padaria em um bairro controlado pelos opositores na província de Hama. De acordo com os rebeldes, dezenas morreram e centenas ficaram feridos.
Nenhum dos lados pode vencer
Apesar da intensificação do conflito, o regime sírio e seus aliados deram sinais de mudanças.
Pela primeira vez desde o início da luta armada, o vice-presidente do país, Faruq al Shaara, admitiu no último domingo (16/12) que o governo pode não vencer o combate contra a oposição. Segundo ele, nenhum dos dois lados tem condições de vencer a guerra, que já dura 21 meses, enquanto o país caminha “de mal a pior”.
O Irã, principal aliado político de Assad ao lado da Rússia, apresentou um plano de seis passos para colocar fim à violência no país, com a realização de uma nova eleição presidencial. O projeto também pontua esforços para deter o fluxo de armas para a Síria e manter negociações com a participação do governo
Outros pontos incluem a criação de um governo transitório para conduzir o país até as eleições parlamentares e presidenciais, mas não especifica se Assad e os principais integrantes do regime estariam ou não incluídos nesse processo.
Enquanto isso, o Kremlin envia mensagens dúbias sobre o seu apoio ao regime sírio. O vice-chanceler russo, Mikhail Bogdanov, reconheceu no início do mês que os grupos da oposição estão ganhando controle do território do país e podem vencer a guerra contra o presidente Assad. Suas declarações foram negadas, no entanto, pelo Ministério das Relações Exteriores do país.
Os sinais de mudança surgem em um momento de avanço da luta armada das organizações rebeldes no país, que conquistaram controle de território contínuo em Damasco e o apoio formal dos Estados Unidos.