A Rússia negou nesta sexta-feira (14/12) as declarações de seu vice-chanceler, Mikhail Bogdanov, de que os grupos da oposição síria estão ganhando controle do território do país e podem vencer a guerra contra o presidente Bashar al Assad.
As supostas declarações do vice-ministro em reunião de órgão consultivo em Moscou circularam pela mídia internacional nesta quinta (13/12) e muitos apontaram para uma possível mudança nos rumos da resolução do conflito. Principal aliada do presidente sírio, a Rússia desenvolve papel relevante na manutenção do governo de Assad.
NULL
NULL
Em comunicado do Ministério de Relações Exteriores, o Kremlin reafirmou seu apoio ao regime sírio e se distanciou dos rumores de que já estão se preparando para transição no país sem Assad. “Bogdanov reiterou a posição russa de que a solução política é a única viável na Síria”, explicou o porta-voz do órgão, Alexander Lukashevich, que negou outras supostas afirmações.
Moscou explicou que vai permanecer fiel ao acordo estabelecido em Genebra em junho deste ano com o Grupo de Ação para a Síria, formado pelos membros do Conselho de Segurança e países da região (Catar, Turquia, Kuwait e Iraque). O documento sugere a negociação entre as partes e a criação de um governo de transição composto por membros do atual regime e dos grupos de oposição. Por exigências da Rússia e da China, o texto não exclui a participação de Assad e de outros oficiais do alto-escalão da próxima administração.
“Na discussão da Câmera Pública da Federação Russa, as declarações irresponsáveis de representantes da oposição síria e de seus apoiadores estrangeiros que preveem uma ‘vitória rápida sobre o regime em Damasco’ foram citadas”, disse Lukashevich.
O porta-voz não se referiu, no entanto, às afirmações de Bogdanov de que o governo russo está preparando planos para evacuar seus cidadãos da Síria caso seja necessário.
As mensagens dúbias do Kremlin surgem em um momento de avanço da luta armada das organizações rebeldes no país, que conquistaram controle de território contínuo em Damasco e ao apoio formal dos Estados Unidos.
Nesta quinta (13/12), um carro-bomba explodiu em uma cidade próxima a capital que é amplamente habitada por soldados do governo e deixou pelo menos 16 pessoas mortas. Na noite de quarta (12/12), a sede do Ministério do Interior, no coração de Damasco, foi alvo de explosão e pelo menos cinco pessoas morreram, entre elas um parlamentar.
A Rússia, junto da China, vetou três resoluções do Conselho de Segurança da ONU que impunham medidas punitivas ao governo de Assad e abriam caminho, até mesmo, para a intervenção militar externa no país. Além de apoio junto à comunidade internacional, Moscou, antigo aliado do regime sírio, continuou a enviar armamento às autoridades sírias.