O governo norte-americano voltou a pedir nesta terça-feira (25/06) que a Rússia extradite Edward Snowden, apelando para a “boa cooperação” existente entre os dois países em matéria policial. O Departamento de Estado pediu que os russos explorem “todas as opções” para entregar o ex-consultor da CIA, acusado de espionagem.
O porta-voz do Departamento de Estado, Patrick Ventrell, disse em entrevista coletiva que, apesar de não existir um tratado bilateral de extradição entre EUA e Rússia, o país de Vladimir Putin “tem a possibilidade de cooperar”, assim como fez em abril, após os atentados de Boston.
“Acreditamos que há bases para a cooperação policial e de segurança para expulsar Snowden a partir das acusações contra ele e do status de seus documentos de viagem”, declarou Ventrell.
A porta-voz da Casa Branca, Caitlin Hayden, reforçou a posição do governo norte-americano afirmando que há “clara base legal” para efetuar a extradição de Snowden “sem atraso” e “com base na forte cooperação policial que temos” com a Rússia.
Ventrell ainda lembrou à Rússia que no ano passado os Estados Unidos entregaram às autoridades do país cerca de 100 pessoas procuradas pela Justiça, em uma tentativa de convencimento de que os russos retribuíssem o “favor” agora.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, que hoje admitiu que Snowden se encontrava na zona de trânsito de um aeroporto de Moscou, afirmou que o norte-americano é “um homem livre” e que seu governo não pode extraditá-lo nem detê-lo, por não ter cometido nenhum crime no país.
Ventrell declarou que espera que o caso de Snowden “não afete negativamente” as relações dos dois países e comentou que entende a dificuldade do processo de entrega do procurado, mas frisou acreditar que há possibilidades para que a Rússia entregue uma pessoa suspeita de “acusações penais graves”.
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Agência Efe
Imagem de Edward Snowden em telão em Hong Kong. Ele é acusado de traição e espionagem pelos Estados Unidos
América Latina
No domingo, o governo dos Estados Unidos anunciou que estava iniciando contato através de “canais diplomáticos e policiais” com os países latinos pelos quais Edward Snowden poderia passar.
“Os Estados Unidos já fizeram contato com estes governos para avisar que Snowden é procurado por delitos graves e, portanto, não devem permitir a ele uma viagem internacional, só o necessário para devolvê-lo aos Estados Unidos”, disse uma fonte da administração do governo de Obama que não quis se identificar.
O funcionário não disse quais eram os países contatados pelos EUA, mas houve especulações de que Snowden iria para a Venezuela, depois para Cuba.
Os três países possuem acordos bilaterais de extradição com os EUA, mas são pactos antigos. Com o Equador, o tratado data de 1872, com complementação em 1930. Com a Venezuela, 1922 e 1923 e, com Cuba, em 1904 e 1905.
Além disso, diversos especialistas asseguraram que um tratado de extradição não é garantia de que o país de fato devolva o indivíduo aos Estados Unidos e que o trâmite poderia demorar muitos meses, como no caso de Julian Assange.
Outro local ao qual os EUA pediram a extradição de Snowden foi Hong Kong, cujo governo disse que rejeitou o pedido porque o país “não cumpriu plenamente com os requisitos legais sob a lei de Hong Kong”. O governo da cidade semi-autônoma da China também afirmou não poder impedir a saída do norte-americano de seu território e, no domingo, ele pegou um voo com direção a Moscou.
O governo do Equador, que já aceitou conceder asilo a Snowden, declarou que ainda espera uma informação por escrito dos Estados Unidos sobre a situação legal dele.
O chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, que se encontra em visita oficial ao Vietnã, afirmou que, por enquanto, as conversas sobre o assunto têm sido verbais e, por isso, solicitou às autoridades norte-americanas um pronunciamento por escrito.
Enquanto o Equador se encontra envolvido com o caso de Snowden, Assange, fundador do Wikileaks, que também recebeu asilo político do país latino-americano, está há mais de um ano na embaixada equatoriana em Londres, à espera de um salvo-conduto para poder sair da Inglaterra.
As autoridades britânicas ratificaram que têm a ordem de deter Assange para entregá-lo à Justiça da Suécia, onde é requerido por denúncias de supostos crimes sexuais, que ele nega. Assange também expressou seu temor de que se, eventualmente, for extraditado à Suécia, esse país poderia entregá-lo aos EUA, onde poderia enfrentar acusações e penas de prisão perpétua ou mesmo de morte.