Atualizada às 14h15
A Procuradoria-Geral do Egito ordenou nesta segunda-feira (19/08) a prorrogação por mais 15 dias da prisão do presidente deposto, Mohamed Mursi, detido desde 3 de julho, quando foi retirado do poder pelo exército local.
A decisão judicial anunciada hoje é referente a um novo processo, que o responsabiliza pelos confrontos de dezembro passado em frente ao palácio presidencial.
Segundo a agência oficial Mena, Mursi é acusado de participar do assassinato, da detenção e da tortura de cidadãos, além da divulgação de informações falsas para influir na investigação judicial sobre esses fatos.
Agência Efe
Partidários de Mursi têm protestado em vários países contra prisão do líder da Irmandade Muçulmana
A medida cautelar entrará em vigor quando acabar o período de prisão preventiva que o presidente deposto cumpre atualmente por colaborar com o movimento islamita palestino Hamas para perpetrar “ações inimigas contra o país” e pelo assassinato e sequestro de policiais e réus durante o ataque a uma prisão. O local onde Mursi está preso no momento não é conhecido.
Ainda nesta segunda-feira, a Justiça egípcia ordenou a libertação “em até 48 horas” do ex-presidente Hosni Mubarak, acusado de corrupção e pela morte de manifestantes durante a “Primavera Árabe” em 2011.
No entanto, a liberdade provisória concedida a Mubarak – que governou o Egito por 30 anos – é relacionada ao julgamento específico do caso de corrupção. Assim, o ex-presidente pode continuar em cárcere, respondendo como réu pelos casos de violência na onda de protestos de 2011.
Outras prisões
A Irmandade Muçulmana denunciou hoje que ao menos 400 de seus dirigentes foram presos nos três últimos dias e acusaram as autoridades egípcias de terem torturado e carbonizado 36 detidos que estavam sendo levados ontem para uma prisão.
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Ahmed Abu Baraka, advogado da Irmandade, afirmou em entrevista coletiva que os responsáveis do grupo foram postos em detenção preventiva durante 15 dias e os proibiu de ligar para seus advogados ou recorrer de suas ordens de prisão.
Por sua vez, o porta-voz da chamada Frente de Defesa dos Detidos, Mustafa Azab, disse que os corpos dos 36 detidos que morreram ontem em um confuso incidente no norte do Cairo permanecem em um necrotério. Azab acrescentou que as autoridades se negam a entregar os corpos para suas famílias a menos que estas reconheçam que as vítimas morreram asfixiadas.
“Agora planejam assassinar os dirigentes da Irmandade presos como assassinaram ontem os que estavam detidos, embora não portassem armas e não tenham cometidos nenhum delito”, denunciou Abu Baraka, que pediu a formação de uma comissão independente para investigar o caso.
Segundo a versão das autoridades, os 36 prisioneiros morreram ao se rebelarem no comboio que os levava para um centro de detenção no norte do Cairo e sequestrar um policial, o que motivou a atuação dos corpos de segurança com gás lacrimogêneo, o que supostamente teria causado as mortes.
Azab negou que os detidos morreram asfixiados e assegurou que foram torturados e posteriormente carbonizados pelos policiais, que tentaram assim esconder os sinais de violência.
Durante a entrevista coletiva, a Frente de Defesa dos Detidos denunciou, além disso, violações dos direitos humanos cometidas pela polícia e o exército durante o desmantelamento na quarta-feira passada dos acampamentos dos islamitas nas praças cairotas de Rabea al Adauiya e Nahda.
“O que ocorreu em Rabea e Nahda é um autêntico genocídio e desde então o derramamento de sangue não parou um só dia. A cada dia se registra uma violação sem precedentes, não há proteção para a oposição ao golpe”, disse Azab.
(*) com Agência Efe