O Exército israelense bombardeou novamente a Faixa de Gaza neste domingo (12/05), enquanto o chefe da ONU pedia um cessar-fogo “imediato” no território palestino sitiado e ameaçado pela fome. O Ministério da Saúde de Gaza informou que mais de 35 mil pessoas morreram no enclave desde o início da guerra, a maioria civis.
“Reitero o meu apelo, o apelo de todo o mundo para um cessar-fogo humanitário imediato, para a libertação incondicional de todos os reféns” detidos em Gaza e para “um aumento imediato da ajuda humanitária”, disse António Guterres neste domingo num discurso em vídeo feito durante uma conferência internacional de doadores no Kuwait.
“Mas um cessar-fogo será apenas o começo. O caminho será longo para se recuperar da devastação e do trauma desta guerra”, acrescentou.
Os ataques aéreos israelenses continuam em todo o território, incluindo na cidade de Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, ameaçada por uma grande ofensiva terrestre.
A entrada de ajuda humanitária em Gaza foi bloqueada, segundo a ONU, desde que as tropas israelenses entraram no leste de Rafah na segunda-feira (06/05) e tomaram o ponto de passagem da fronteira com o Egito.
A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) estimou que as operações israelenses na cidade de Rafah “tornam impossível a prestação de assistência médica vital”, acrescentando que começou a evacuar 22 pacientes de um hospital de campanha na região.
Segundo a ONU, cerca de 1,4 milhão de palestinos, a maioria deles deslocados pelos bombardeios e combates, estão em Rafah. Cerca de 300 mil deles deixaram os distritos orientais da cidade após várias ordens de retirada emitidas por Israel.
O Exército alegou no sábado (11/05) que as áreas afetadas pelas ordens de evacuação eram “cenário de atividades terroristas do Hamas”, no poder desde 2007 na Faixa de Gaza.
Apelos internacionais contra ofensiva em Rafah
Uma ofensiva israelense em grande escala em Rafah “não pode acontecer”, alertou neste domingo o chefe de direitos humanos da ONU, Volker Türk, porque violaria, segundo ele, “o direito humanitário internacional”.
No norte da Faixa de Gaza, o Exército também emitiu ordens de evacuação para Jabaliya e Beit Lahia e relatou uma “grande operação” no bairro de Zeitoun, na cidade de Gaza. Segundo a mesma fonte, o Hamas está “tentando se reconstruir” em diversas áreas do enclave.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que as ordens de retirada feitas por Israel eram “inaceitáveis”. Ele fez um apelo ao governo israelense para não realizar uma “operação terrestre em Rafah”. O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, declarou que a retirada da população concentrada na localidade para “áreas inseguras” era “intolerável”.
Morte de refém
O braço armado do Hamas anunciou no Telegram a morte, no sábado, de um refém israelense detido em Gaza desde o ataque de 7 de outubro. O movimento islâmico palestino tinha divulgado imagens do refém vivo algumas horas antes. Nas imagens, ele foi identificado pelo Fórum de Famílias de Reféns, como Nadav Popplewell, um cidadão israelense-britânico de 51 anos do Kibutz Nirim.
O destino do refém não foi mencionado pelo porta-voz do Exército, contra-almirante Daniel Hagari, na sua coletiva de imprensa na noite de sábado.
As Brigadas Ezzedine al-Qassam afirmaram em um vídeo que ele morreu no sábado e atribuíram a morte aos “ferimentos sofridos depois que caças sionistas [israelenses] atacaram o local onde ele era mantido há mais de um mês”.