Atualizada às 15h37
A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) anunciou nesta terça-feira (01/04) a suspensão de toda a sua cooperação civil e militar com a Rússia, em represália à anexação “ilegal” da península da Crimeia. O grupo deve rever as relações com o país de Vladimir Putin em uma reunião em junho.
“Ao longo dos últimos 20 anos, a Otan tem trabalhado consistentemente por mais cooperação e confiança com a Rússia”, afirma o documento publicado pela organização em seu site. “Entretanto, a Rússia violou a lei internacional (…). Os russos violaram gravemente a confiança sobre a qual nossa confiança deve se basear”.
Agência Efe
Líderes da Otan se reuniram hoje em Bruxelas, na Bélgica, e anunciaram rompimento de relações com a Rússia
Apesar disso, o grupo assegurou que o “diálogo político” no Conselho Otan-Rússia pode continuar “como necessário, ao nível de embaixadores e acima, para que possamos trocar pontos de vista, em primeiro lugar, sobre a crise”. Os países-membro também anunciaram que reforçarão a cooperação militar com a Ucrânia, através de “medidas imediatas e de longo prazo para aumentar a capacidade” do país na área da segurança.
“A Otan e a Ucrânia decidiram hoje, tal como está estipulado na declaração da Comissão Otan-Ucrânia, implementar medidas imediatas e de longo prazo com o objetivo de reforçar a capacidade da Ucrânia para garantir a sua própria segurança”, diz o comunicado. O reforço deve estender-se a “outros parceiros na Europa de Leste, em colaboração com eles e no âmbito dos programas bilaterais existentes”.
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O objetivo da Otan é diminuir os receios manifestados por países como a Polônia, a Estônia, a Letônia ou a Lituânia – todos membros da Otan, que a organização tem a obrigação de proteger, ao contrário da Ucrânia.
Crise na Ucrânia
Antes da declaração conjunta, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, desmentiu o presidente Vladimir Putin, que anunciou ontem (31/03) uma retirada parcial das tropas russas na fronteira com a Ucrânia. “Infelizmente, não posso confirmar que a Rússia esteja retirando suas tropas. Não é isso que estamos verificando”, afirmou Rasmussen.
A notícia sobre a retirada das tropas havia sido dada por Putin à chanceler alemã, Angela Merkel, em uma conversa telefônica. “O presidente russo informou a chanceler de que ordenou uma retirada parcial das tropas russas da fronteira oriental da Ucrânia”, disse o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert.
Enquanto isso, a Ucrânia continua em crise. Nesta terça, o país anunciou que começará nesta semana a retirada de sua frota da Crimeia. Os aviões e o armamento ucranianos na península também devem ser transportados para fora da região em breve. Quase 80% dos militares ucranianos na Crimeia passaram para o lado russo ou desertaram durante a ocupação da Rússia. Apenas 4 mil dos quase 19 mil militares ucranianos na Crimeia manifestaram seu desejo de ser retirados para continuar o serviço das Forças Armadas da Ucrânia.
Ao mesmo tempo, a empresa russa Gazprom aumentou a partir de hoje em mais de 40% o preço do gás exportado para a Ucrânia e cancelou a redução concedida em dezembro ao governo do presidente deposto Viktor Yanukovich.
Segundo o presidente da Gazprom, esses fatores aumentaram a dívida ucraniana pelo gás russo, que hoje equivale a US$ 1,7 bilhão. A medida é mais uma ação de represália tomada pela Rússia desde a queda de Yanukovich, quando anunciou a suspensão da ajuda econômica à Ucrânia e deixou claro que não aplicaria mais a redução no preço do gás.