O Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, notificou secretamente o Congresso que até agosto seis pessoas detidas na prisão norte-americana mantida em Guantánamo, Cuba, serão transferidas para o Uruguai, como informou o jornal The New York Times nesta quarta-feira (16/07). Este será o maior grupo a deixar a prisão desde 2002. Todos os detidos são considerados de baixo perfil e risco.
Carlos Latuff
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Com a implementação dessa medida, a população da penitenciária seria reduzida a 143. Organismos internacionais têm denunciado o caráter ilegal da detenção e as práticas desumanas que são cometidas ali contra os presos que, em sua maioria, permaneceram em um limbo legal durante vários anos.
A decisão é considerada de interesse nacional e tem como objetivo romper a paralisia burocrática do acordo que se esperava ter sido firmado desde março, como afirmaram fontes ao jornal norte-americano.
“A Administração advertiu o Congresso com uma notificação de 30 dias sobre a intenção de transferir estes seis detidos de Guantánamo ao Uruguai”, informou a fonte oficial à Agência Efe. Não é provável que o Congresso bloqueie a medida.
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A negociação foi interrompida em meio ao alvoroço político provocado pela recente troca do sargento Bowe Bergdahl com cinco talibãs, em maio. As conversas foram mediadas pelo governo do Qatar, país que também receberá prisioneiros egressos de Guantánamo. O presidente Barack Obama foi muito criticado em seu país pela medida.
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“Os Estados Unidos são gratos ao nosso parceiro, o Uruguai, por este significativo gesto humanitário, e aprecia a generosa ajuda do governo uruguaio com os Estados Unidos, que continua seus esforços para fechar o centro de detenção em Guantánamo” disse Ian Moss, um porta-voz do Departamento de Estado.
O fechamento da prisão na baía de Guantánamo é uma das promessas de campanha de Obama. A negociação com o presidente uruguaio, José Pepe Mujica, foi travada em meados de março. “Obama expressou, durante as últimas semanas a seu colega uruguaio por meio de emissários, a vontade do governo de Washington de que o Uruguai seja um dos países a receber prisioneiros de Guantánamo”, como informou a revista uruguaia Búsqueda.
Ao confirmar que o Uruguai abrigará essas pessoas na qualidade de “refugiados”, Mujica disse que, em contrapartida, pediria ao mandatário norte-americano a libertação de três dos cinco antiterroristas cubanos que ainda estão presos sob a custódia dos Estados Unidos e afirmou que Guantánamo é uma “verdadeira vergonha para a humanidade”.