No segundo dia da 6ª Cúpula dos Brics, os cinco chefes de Estado do bloco se reuniram em Brasília com os presidentes dos países da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) para apresentar as vantagens do recém-criado Banco dos Brics, que será usado para financiar projetos de infraestrutura para regiões emergentes.
Efe
Dezesseis líderes de países da América Latina, China, Índia e Rússia se reuniram em Brasília para discutir novo órgão financeiro
No Palácio do Itamaraty, os líderes que compõem o Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – participaram de discussões com 11 presidentes latinos da Unasul. Ao longo do dia, uma série de acordos entre países foi assinado e alguns chefes de Estado deram declarações à imprensa.
“É uma cúpula histórica, porque marca o novo tempo do século XXI”, disse o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. “É uma aliança de ganhar; no passado, fomos países dominados e agora somos países e blocos emergentes”, acrescentou. Ontem, Maduro comentou que iria propor uma aliança entre os bancos do Brics e do Sul.
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Por sua vez, a África do Sul propôs unir forças com outras nações para “reestruturar” o atual funcionamento das grandes instituições mundiais. “Nós queremos criar um mundo no qual todos sejamos iguais e onde as regras se ajustem a todos”, afirmou o porta-voz do governo sul-africano, Mac Maharaj, à Efe.
“Queremos dizer às instituições do mundo que a forma como se tomam as decisões em relação à economia mundial mudou, porque eram tomadas em favor do mundo desenvolvido”, acrescentou Maharaj, que foi companheiro de prisão de Nelson Mandela.
Na mesma direção, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, também destacou em suas declarações o “passo muito importante” dado ontem em Fortaleza com a criação do órgão financeiro dos Brics e criticou a atitude de “pilhagem” de alguns dos países desenvolvidos.
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“Achamos que deve acabar esse tipo de pilhagem internacional em matéria financeira, como hoje pretendem fazer contra a Argentina e como vão querer fazer contra outros países”, apontou Kirchner, fazendo alusão à polêmica dos fundos abutres.
Mais cedo, a presidente Dilma e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, assinaram três acordos nas áreas de meio ambiente, processamento de dados de satélite e trânsito de cidadãos entre as duas nações, após um café da manhã de trabalho. Contudo, os dois líderes não deram nenhuma declaração à imprensa.
Efe
Dilma e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi,tomaram café da manhã juntos nesta quarta e fecharam acordos
Interesses da China na América Latina
Amanhã, Dilma se reunirá com o presidente chinês, Xi Jinping, e quatro membros da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe), representados por Raúl Castro (Cuba), Rafael Correa (Equador), Luis Guillermo Solís (Costa Rica) e Gaston Browne (Antígua e Barbuda).
A intenção do encontro, proposto por Jinping, é discutir a constituição do Fórum Permanente China-Celac, uma meta a que Pequim atribuiu um estratégico interesse geopolítico e econômico. “Nosso objetivo é alavancar e dar um salto nas relações da China com a América Latina e o Caribe”, disse hoje o líder chinês.
Segundo ele, a China está “disposta a conjugar esforços” com os países latino-americanos para serem sócios “a passos sincronizados”, e ressaltou que seu país “não se desenvolverá de forma isolada do mundo”.