A Tunísia fechou nesta sexta-feira (01/08) a sua principal passagem de fronteira com a Líbia, após milhares de cidadãos e estrangeiros tentarem romper o acesso com o intuito de fugir da violência e com receio de uma guerra civil no país, reportou a Al Jazeera.
Efe
Cidadãos egípcios tentam abandonar Líbia com aumento de violência para chegarem a Tunisia a partir da fronteira terrestre sul
Nesta manhã, milhares de pessoas – principalmente egípcios – realizaram um protesto em frente à passagem, após serem impedidos de entrar na Tunísia por não terem visto. Grupos mais exaltados ainda quebraram parte de um muro da fronteira. Em resposta, a polícia atirou bombas de gás lacrimogêneo na multidão.
As agitações aconteceram horas após o governo tunisiano começar a incentivar os seus cerca de 60 mil cidadãos que vivem na Líbia para sair “o mais rápido possível” do país, por causa da escalada de violência na região desde meados de julho.
“O Ministério dos Negócios Estrangeiros exorta os tunisianos que se encontram em território líbio para voltar para casa o mais rápido possível”, afirmou a pasta em comunicado veiculado nas últimas horas.
Efe
Polícia da fronteira da Líbia e da Tunísia joga gás lacrimogêneo e atira para cima para afastar multidão
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Entenda conflito
A Tunísia é a única rota de fuga para a população na medida em que o combate se agrava em Trípoli, onde milícias rivais têm lutado durante semanas para tomar o controle do aeroporto internacional.
Na quinta-feira (31/07), grupos armados anunciaram que tomaram controle de Bengazi, segunda maior cidade da Líbia e foco de conflitos nas últimas semanas no país. De acordo com membros da organização Frente Al Nusra, braço da Al-Qaeda, o local está “completamente” dominado e foi proclamado um “Emirado Islâmico” na região.
Carlos Latuff
Embaixadas
Ainda ontem, o Itamaraty anunciou que decidiu transferir temporariamente os funcionários da Embaixada do Brasil em Trípoli para Túnis. Além do Brasil, os Estados Unidos, a ONU (Organização das Nações Unidas), a delegação da UE (União Europeia), a Espanha e a Turquia também tiraram seus representantes e os transferiram para a Tunísia.
Sob a liderança interina de Abdallah Al-Thani, o governo da Líbia não conseguiu elaborar um Exército profissional capaz de se impor e de integrar os grupos armados que se desenvolveram em 2011, com a queda do líder Muamar Kadafi. Tal incapacidade facilitou uma autonomia dessas brigadas, que cada vez mais desafiam as autoridades centrais em transição. Teme-se, com isso, que a instabilidade do país resulte em uma guerra civil.