O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, acusou o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, de estar “ombro a ombro” com o Hamas, após o representante ter entendido que o movimento palestino não se enquadra às evidências apontadas pelo “relatório Patten” e, em seguida, não ter incluído o grupo na lista divulgada em 23 de abril, a qual menciona organizações suspeitas por cometimento de crimes sexuais durante o episódio de 7 de outubro de 2023.
O motivo de não ter incluído o Hamas se deve ao fato de que Guterres “não sendo de natureza investigativa e dada a sua duração limitada, não tirou conclusões sobre a atribuição a grupos armados específicos nem determinou a prevalência de incidentes de violência sexual relacionados com conflitos durante e após os ataques de 7 de outubro”, sendo que “tal determinação exigiria uma investigação completa.”
No entanto, o Ministério das Relações Exteriores de Israel, por meio de comunicado, alegou que Guterres ignorou “a infinidade de testemunhos e provas que foram recolhidos e depois incluídos no relatório da Representante Especial do Secretário-Geral sobre Violência Sexual em Conflitos, Pramila Patten”.
Com a conclusão anunciada pela ONU, o chanceler de Tel Aviv se afirmou “enfurecido” e culpou o secretário-geral por ter se “recusado a reconhecer a responsabilidade do Hamas pelos graves crimes sexuais que aparecem no relatório Patten, como também a declarar o grupo como uma organização terrorista”.
Katz ainda lançou graves alegações de que, caso Guterres estivesse no comando da ONU durante os crimes cometidos pelo regime nazista, liderado por Adolf Hitler, “ele se recusaria a condená-los”.
“Guterres transformou a ONU em uma instituição extremamente antissemita e anti-Israel, e seu tempo no cargo será lembrado como o mais sombrio da história da organização”, acusou o israelense.
Já para o enviado de Israel à ONU, Gilad Erdan, a conduta de Guterres se baseou em ”razões puramente políticas”.
“A brutalidade e a violência sexual do Hamas foram provadas sem sombra de dúvida e qualquer tentativa de comparar a barbárie sexual dos terroristas com acusações contra o Estado de Israel, cumpridor da lei, é imoral e desprezível”, declarou, exigindo o secretário-geral a “reexaminar sua posição” e incluir o Hamas na lista.
No mês anterior, Patten, enviada da ONU para assuntos relacionados a crimes sexuais durante conflitos, apresentou um relatório ao órgão indicando supostos crimes de estupro e estupros coletivos durante a ofensiva do Hamas, em 7 de outubro, contra o sul de Israel. Conforme ela, evidências “convincentes” mostravam que reféns foram abusadas sexualmente enquanto eram mantidas reféns em Gaza, e que quem continua em cativeiro ainda enfrenta tais abusos.