* Atualizada às 19h37
Após dias de crise e instabilidade política no Iraque, o atual primeiro-ministro, Nuri Kamal al Maliki, concordou nesta quinta-feira (14/08) em deixar o poder, abrindo caminho para que o recém-nomeado Haidar al Abadi forme um novo governo e conclua a primeira transição democrática de poder da história moderna do país.
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Nuri Kamal al Maliki estava à frente do governo iraquiano desde 2006; o também xiita do Daawa Haidar al Abadi deverá assumir como premiê
O anúncio feito na emissora de TV estatal nesta quinta-feira (14/08) esfria os ânimos na cena política nacional, já que Maliki, após ter seu nome rejeitado para continuar no cargo, chegou a afirmar que só sairia do posto por determinação da Justiça. Com o temor de um eventual golpe de Estado no país, Maliki havia vindo a público anteontem para pedir que o Exército não inteviesse na crise política.
“Não vou ser a causa do derramamento de sangue iraquiano”, disse Maliki, em seu pronunciamento, ao comunicar que estava deixando o poder em nome de seu “irmão” Abadi para “facilitar o processo político e a formação de governo”.
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Nos últimos dias, Maliki estava em situação delicada e politicamente frágil à frente do gabinete de governo. No cenário externo, os EUA — que voltaram a intervir militarmente no Iraque em função da crise humanitária com o avanço dos jihadistas do Estado Islâmico — vinham pedindo pela saída do premiê. O Irã, considerado principal aliado de Maliki, também endossou a nomeação de Abadi.
Internamente, Maliki enfrentava oposição ferrenha de partidos sunitas e de grupos curdos iraquianos. Antes do anúncio de hoje, em que declara apoiar a nomeação de Abadi, Maliki sofreu resistências dentro do seu próprio partido, o xiita Daawa, que passou a seguir as orientações do principal clérigo xiita, endossando a substitução do premiê por outro nome da legenda com o intuito de “salvar a unidade da coalizão xiita”.