A mineradora mexicana Grupo México está despejando águas contaminadas nos rios Balsa e o Xochula, em Taxco, há mais de sete décadas, afetando pelo menos uma dezena de povoados. A informação foi divulgada no sábado (27/09) pelo jornal El Universal com base em um relatório da Procuradoria Federal de Proteção ao Ambiente. A empresa também é acusada de ser responsável pelo “maior desastre ambiental” do país: o derramamento de metais pesados no rio Sonora, em Arizpe, perto da fronteira com os Estados Unidos.
O estudo da procuradoria concluiu que as represas formadas com terraplanagens em Taxco têm alto grau de contaminação e o solo apresenta resíduos de diversos materiais tóxicos. Há sete anos, 156 trabalhadores iniciaram uma greve na mina e desde então nenhuma medida foi tomada para reverter o quadro.
Tadeo Vargas/ Flickr/ CC
A Procuradoria Federal de Proteção ao Ambiente monitora diariamente o rio Sonora para verificar nível de contaminação
O minerador Guillermo Salgado, um dos grevistas, afirmou ao El Universal que a empresa Grupo México começou a extrair prata, zinco e chumbo nos anos 1940. Ele conta que, desde então, a água começou a ser contaminada. As comunidades no entorno e os animais consomem a água do rio que cheira a metal e tem cor ocre. “Ninguém fez nada, parece que é normal”, conta.
Questionada pelo jornal a respeito das denúncias, o Grupo México não se pronunciou.
Rio Sonora
A imagem da empresa foi afetada recentemente pelo derramamento de metais pesados no rio Sonora, onde atuam grandes mineradoras da companhia. O governo mexicano classificou o acidente ocorrido no dia 6 de agosto como o “maior desastre ambiental” do país. A contaminação afetou sete municípios, atingindo cerca de 20 mil habitantes da região.
Estima-se que os danos causados pelos cerca de 40 mil metros cúbicos de ácidos e metais pesados derramados no rio foram agravados por outros vazamentos ocorridos em meados de setembro devido às fortes chuvas na região.
A empresa garante que 71% do rio já foi recuperado. Mas, em um manifesto divulgado na última semana, prefeitos de sete municípios afetados criticaram a forma como o Grupo México maneja os resíduos tóxicos e advertiram sobre a possibilidade de que um novo derramamento é iminente e acabaria com os povoados da região.
Devido à contaminação, diversas pessoas apresentaram problemas de saúde após ter contato com água do rio Bacanuchi, afluente do rio Sonora. Em declarações recentes ao jornal La Jornada, o prefeito de Arizpe, um dos sete municípios afetados, Vidal Vázquez Chacón, afirmou que três habitantes da região apresentaram problemas de saúde nos últimos três dias.
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As declarações contradizem as informações das autoridades federais e da empresa, que disseram que os últimos derramamentos proveniente das represas de contenção eram inócuos.
A mina Buenavista de Cobre é uma das maiores do mundo, com uma produção anual de 200 mil toneladas de metal. Se comprovado que a empresa foi responsável pelo derramamento no rio Sonora, ela pode ser condenada a pagar até US$ 3 milhões pelos danos.
Ressarcimento
Na última semana, 380 produtores agropecuários receberam cheques da empresa como forma de ressarcimento pelos danos causados pela contaminação nas águas. O pagamento foi uma exigência do governo federal em acordo com a companhia. No total, serão distribuídos US$ 39 milhões o setor agropecuário, saúde, construção de plantas de tratamento de água e outras medidas.
O Grupo México anunciou que as sete cidades afetadas receberão cerca de US$ 41 mil para apoiar serviços de recuperação e pagar pessoal para a distribuição de água potável, combustível e materiais para a filtragem da água do rio.
A empresa também tem realizado um intenso trabalho nas comunidades afetadas. O site da Grupo México detalha as atividades que estão sendo desenvolvidas na região. De acordo com essas informações, mais de 42 milhões de litros de água foram distribuídos e 1.200 pessoas foram empregadas em um esforço de emergência.