Durante o encerramento do Diálogo Empresarial das Américas, realizado no marco da VII Cúpula das Américas nesta sexta-feira (10/04), a presidente brasileira, Dilma Rousseff, destacou que o grande desafio para o desenvolvimento do Brasil é a educação e ressaltou a necessidade de a América Latina superar o papel de exportador de commodities. Durante o evento também participaram os mandatários dos Estados Unidos, Barack Obama; do México, Enrique Peña Nieto, e do Panamá, Juan Carlos Varela.
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Mandatários participaram do “Diálogo Empresarial das Américas”, no marco da Cúpula das Américas, no Panamá
No evento mediado pelo presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Luis Alberto Romero, Obama afirmou a necessidade de que a região tenha “transparência e um sistema judicial justo”. Sem isso, também não haverá segurança. O mandatário destacou também o projeto conjunto desenvolvido com Brasil e México para obter mais transparência nas contas públicas dos governos.
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Já Varela afirmou que o “grande desafio” do continente é “trabalhar unido” para abater a desigualdade e insegurança, as “duas ameaças” que a região enfrenta e pediu que as diferenças políticas e ideológicas sejam deixadas de lado e que “os governos, o setor privado e a sociedade civil se mobilizem para trabalhar em conjunto, especialmente no tema da educação”.
Já o presidente mexicano, Peña Nieto, evidenciou as reformas energética, financeira e das telecomunicações realizadas em seu governo. Ele também ressaltou a redução do papel do Estado na produção de riqueza no país. “Quero que as reformas sejam orientadas a abrir mais espaço para empreendedores e para quem decida investir no México”.
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Durante a tarde, o presidente Nicolás Maduro visitou bairro no Panamá destruído durante invasão dos EUA ao país em 1989
Divisão internacional do trabalho
Diante da plateia de empresários, entre eles o dono do Facebook, Mark Zuckerberg, que centraram os debates em torno de temas como educação, tecnologia, integração econômica e tecnologia, Rousseff ressaltou o compromisso de seu governo com a educação. “Consideramos que a educação tem que estar no centro do processo de crescimento econômico e de inclusão”.
A mandatária acrescentou que para completar esse processo é necessário para que a região possa entrar em atividades que agreguem valor e “não se restrinjam às práticas de especialização do trabalho no mundo que destina à América Latina o papel de exportador de commodities”.
Ouça a íntegra do discurso de Dilma:
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De acordo com a presidente, é preciso almejar usar o conhecimento para que “nossos povos tenham acesso a um padrão de vida de classe média”. Conforme esclareceu, isso significa que “tenham acesso a melhores salários e um compromisso com o empreendedorismo. As pequenas e médias empresas são tão fundamentais quanto empresários e trabalhadores”, disse ainda.
A integração regional também foi abordada pela líder brasileira. “A inovação, educação e integração regional das economias funcionam como fator que amplia oportunidades” e deixou claro o “compromisso com a integração regional”. Além disso, ressaltou que o Brasil, no marco do Mercosul, tem hoje o compromisso de fazer um acordo com a União Europeia: “Nós estamos prontos para esse acordo”, afirmou.
Infraestrutura é gargalo
Em sua exposição, o mandatário norte-americano afirmou que é preciso melhorar a infraestrutura na região e ressaltou que seu país poderá ajudar nisso, para que seja realizada de forma rápida. Como exemplo, mencionou o fato de que os custos energéticos nos países que integram o Sica (Sistema de integração Centro-americano) é muito mais elevado do que o que se observa nos Estados Unidos e mencionou a possibilidade de chegar a um mercado único de produção de energia.
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Presidente boliviano, Evo Morales, jogou uma partida de futebol após participar da Cúpula dos Povos
Obama destacou o papel do mercado na economia e elogiou o modelo de parcerias público-privadas. “Há momentos em que os mercados não satisfazem a necessidade social. Quando se fala em aliança público-privada, onde o governo e os negócios podem trabalhar conjuntamente”, tem-se um cenário promissor e como exemplo bem sucedido desse cenário, mencionou a educação.
O mandatário também destacou a importância do papel da classe média nas economias da região: “quando há uma classe média crescente com pobres que podem chegar à classe média, eles passam a ser fomentadores do mercado mais do que os que estão acima [na pirâmide social]”.
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Cartaz dá boas-vindas a participantes da Cúpula das Américas
Ele anunciou ainda o investimento de US$ 1 bilhão na América Central para investir “em capital humano e juventude. Para que jovens não se sintam desesperados e tenham como única saída emigrar ou entrar no crime organizado. Ao invés disso, possam criar empresas e usar o talento. Temos que pensar além de nossas fronteiras. É bom para os Estados Unidos que Honduras tenha acesso à internet, que o Brasil siga crescendo de maneira sustentável, que o Panamá siga se desenvolvendo e que o México siga tendo êxito porque nossa economia é mutuamente independente”, ressaltou.
Obama não poupou elogios ao presidente mexicano que realizou diversas reformas, muito questionadas e criticadas por movimentos sociais mexicanos.