Em 14 de abril de 2014, pelo menos 276 meninas foram sequestradas em um internato na cidade de Chibok, no nordeste da Nigéria, pelo Boko Haram. Após um ano – marcado por eleições presidenciais e por muitos outros atentados do grupo extremista – a organização humanitária Anistia Internacional anunciou nesta terça-feira (14/04) que ao menos duas mil mulheres e meninas foram raptadas desde o início de 2014 no país africano.
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EFE/ arquivo
Parentes de garotas tomaram as ruas do país durante semanas para exigir regaste das vítimas
Em um relatório elaborado especialmente para a data, a ONG chama atenção para o “reinado do terror” imposto pelos terroristas com seus métodos brutais, a partir de relatos de centenas de testemunhas, inclusive de 28 mulheres e meninas que escaparam do cativeiro.
“Homens e mulheres, meninos e meninas, cristãos e muçulmanos foram assassinados, sequestrados e explorados durante um reinado do terror que afetou milhões de pessoas”, denunciou o secretário-geral da Anistia Internacional, Salil Shetty, em um comunicado emitido da sede da organização em Londres.
Shetty acrescenta que as estudantes de Chibok são apenas uma pequena parte das mulheres e meninas que sofreram com a brutalidade e as violações do Boko Haram: algumas delas são obrigadas a se casar com membros do Boko Haram e a participar de ataques contra a população, em alguns casos, contra seus próprios povos de origem.
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Nesta terça, o recém-eleito presidente da Nigéria, o ex-general Muhammadu Buhari, declarou que fará o possível para localizar as 219 meninas de Chibok que ainda permanecem desaparecidas, mas destacou que não pode prometer o resgate já que há poucas informações sobre elas.
“Quero assegurar a todos, especialmente aos pais, que quando meu governo tomar posse no final de maio faremos o possível para derrotar o Boko Haram. Atuaremos de forma distinta do governo anterior”, garantiu Buhari.
Embora o sequestro de meninas e mulheres seja usado como uma arma de guerra pelos membros do grupo islâmico extremista com frequência, como atesta a Anistia Internacional, o caso do rapto coletivo de 14 de abril passado foi um dos primeiros a chamar atenção da imprensa internacional, colocando o Boko Haram nos holofotes.
Na ocasião, foi até criado um movimento global em solidariedade ao episódio, conhecido como “Bring Back Our Girls” (“Tragam nossas meninas de volta”). O temor gerado pelo grupo também prejudicou o sistema educacional do país, o mais populoso da África, com 170 milhões de habitantes. Como as escolas são um dos principais alvos do Boko Haram, o governo nigeriano chegou a fechar mais de 85 instituições de ensino no estado de Borno, onde está situado Chibok, em 2014.