O Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) declarou nesta terça-feira (22/09) que 97% das pessoas que chegaram à Grécia vêm de países em conflito e, por isso, têm status de refugiado e direito ao asilo. Segundo o Acnur, 477.906 pessoas chegaram à Europa este ano via Mar Mediterrâneo, já que grande parte das fronteiras terrestres está fechada. Dessas, mais de 175 mil têm origem síria; 50 mil, afegã; e quase 10 mil, iraquiana.
EFE
Refugiados, entre eles, um pai que perdeu seu filho, aguardam trâmites após serem resgatados na costa de Mytilini, na ilha grega de Lesbos
“A maioria das pessoas que está chegando às portas da Europa é solicitante de asilo genuíno e tem direito a proteção internacional para serem chamados de refugiados”, explicou Melissa Fleming, porta-voz da agência.
“As pessoas que vêm desses países são consideradas refugiadas porque fogem de um conflito. Não entendo porquê durante quatro anos chamamos os sírios que chegaram à Jordânia, ao Líbano ou à Turquia na condição de refugiados, mas no momento em que chegam à Europa não são mais”, acrescenta Fleming.
Além disso, a agência da ONU criticou a proposta da União Europeia de encontrar lugar para apenas 120 mil pessoas, reportou a Reuters. Para o órgão, tal medida “não será suficiente para estabilizar a situação neste estágio da crise”.
“A União Europeia deve demonstrar se é verdadeiramente uma união, com uma política comum, ou só um conjunto de países que atuam individualmente”, afirmou a porta-voz. A declaração vem horas antes de um encontro previsto nesta tarde entre ministros do Interior do bloco, com intuito de chegar a uma solução à crise humanitária.
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Fleming ainda pediu à União Europeia a criação de centros de assistência e registro na Grécia para poder tratar os solicitantes de asilo como devem ser tratados “e para que o programa de realocação funcione como deve”.
Questionada sobre o endurecimento de leis contra refugiados na Hungria, a porta-voz limitou-se a lembrar “que solicitar asilo não é um crime”, segundo a Agência Efe.
Grécia: o país que mais recebe refugiados
Apesar da crise econômica e da turbulência política, a Grécia é o país que mais recebe refugiados na Europa, de acordo com o Acnur. Dados da agência apontam que o país liderado pelo primeiro-ministro, Alexis Tsipras, recebeu mais solicitantes de asilo em julho (50.242 pessoas) do que durante o ano passado inteiro (43.500 pessoas).
Em agosto, Tsipras disse que a infraestrutura da nação helênica não consegue suportar milhares de imigrantes desembarcando. “Agora é hora de ver se a União Europeia é a União Europeia da solidariedade ou é a União Europeia que tem todos tentando proteger suas fronteiras”, declarou. Mesmo nesse panorama e apesar dos perigos da travessia pelo mar Mediterrâneo, a Grécia ainda é vista como uma boa opção — ou, pelo menos, uma boa porta de entrada, para o continente europeu.
EFE
Refugiados sírios na Turquia: fronteira greco-turca tem recebido cada dia mais pessoas em busca de asilo