O primeiro-ministro interino da Espanha, o conservador Mariano Rajoy, recebeu nesta segunda-feira (28/12) o “não” dos partidos Podemos (esquerda) e Ciudadanos (liberais centristas), na tentativa de formar um novo governo de direita no país europeus.
As duas legendas emergentes foram protagonistas nas eleições gerais espanholas de domingo retrasado (20/12), que marcaram fim do tradicional bipartidarismo entre o PP (Partido Popular, de Rajoy) e o PSOE (Partido Socialista Obrero Español).
EFE
Mariano Rajoy (dir) tenta convencer Albert Rivera, do Ciudadanos (esq) a formar aliança para garantir governabilidade
Embora o PP tenha vencido o pleito com 28% dos votos e 122 assentos no Congresso, a sigla não obteve a maioria absoluta parlamentar de 176 vagas necessárias para poder compor o novo gabinete do governo espanhol.
Segundo o resultado oficial,o PSOE se estabeleceu em segundo lugar, com 90 deputados, ao passo que a coalizão Podemos se firmou como terceira força parlamentar, alcançando 20% dos votos e 69 cadeiras. Em quarto, os Ciudadanos obtiveram 40 assentos.
Desde então, Rajoy continua a rodada de negociações com as principais forças políticas para conseguir um acordo que permita formar um Executivo.
Nesta tarde, o líder do Podemos, Pablo Iglesias, se encontrou com o premiê interino e disse que agora não é momento de “falar de cadeiras”, mas que sua prioridade é que o parlamento eleito nas urnas funcione e dê resposta à atual situação de “emergência social”.
EFE
Secretário-geral do Podemos, Iglesias diz que não apoiará Rajoy após encontro
Iglesias afirmou ainda que não apoiaria Rajoy “nem ativa, nem passivamente”, já que os planos da coalizão de esquerda para a Espanha não são “compatíveis com o PP seguir governando”, argumentou, segundo a Agência Efe.
“Quem não entender que a unidade da Espanha se defende desde a democracia e quem não entende a diversidade e a plurinacionalidade do país não entendeu nada”, ressaltou Iglesias, em referência ao referendo sobre a independência da Catalunha, da qual insitiu que não abrirá mão.
NULL
NULL
Por sua vez, o líder do Ciudadanos, Albert Rivera, também informou a Rajoy que não o apoiará, apesar de ter garantido que seu partido se absteria na votação se o PP conseguir um pacto com alguma outra legenda para iniciar a legislatura.
Rivera deixou hoje claro que “a união de todos os espanhóis não se negocia” e assegurou que não apoiará nenhuma coalizão cujo roteiro suponha a ruptura da ordem constitucional, em referência à proposta do Podemos.
Após encontro com Iglesias e Rivera, Mariano Rajoy disse que ressaltou aos dois líderes que “o mandato democrático” dos resultados das urnas do 20 de dezembro determinam que seja ele que lidere o próximo Executivo.
EFE
Rajoy, após vencer eleições gerais espanholas: dificuldade agora é conseguir aliança política
“Esses resultados são a expressão clara e inquestionável da vontade dos espanhóis, que, na lógica democrática, deveria representar o mandato para a formação do governo”, assinalou o Executivo espanhol em comunicado.
Na última semana, o premiê interino já havia sido rejeitado pelo PSOE. “Nós dizemos ‘não’ a Rajoy e suas políticas”, afirmou o líder do partido, Pedro Sánchez, na quarta-feira passada.
Caso português
O resultado espanhol lembra o pleito que ocorreu em Portugal há dois meses. No caso luso, a coalizão de centro-direita Portugal à Frente (PàF), liderada pelo então primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, vencera as eleições legislativas no início de outubro.
Apesar de conquistar 37% dos votos, a aliança não obteve a maioria absoluta dos assentos da Assembleia da República, de Portugal com 107 das 230 cadeiras.
Então, o PS (Partido Socialista), de centro-esquerda que ficou em segundo lugar no pleito, articulou uma aliança com partidos de esquerda.
Junto ao PCP (Partido Comunista Português), ao BE (Bloco de Esquerda) e ao PEV (Partido Ecologista “Os Verdes”), o grupo liderado pelos socialistas somou 122 cadeiras no Parlamento e derrubou o governo de Passos Coelho no dia 10 de novembro.
EFE
Líder do PS, António Costa acabou conseguindo tornar-se premiê em Portugal