A ex-presidente argentina Cristina Kirchner voltou a afirmar neste domingo (04/07) que é vítima de “perseguição política” no processo que a investiga por suposta corrupção em seu governo e pediu que seja realizada uma auditoria nas obras públicas realizadas durante sua gestão para verificar suposto superfaturamento em contratos de licitação.
Agência Efe
Cristina é recebida em aeroporto de Buenos Aires; ex-mandatária diz que pedirá auditoria em obras públicas realizadas em sua gestão
Em entrevista por telefone ao canal local C5N, Cristina disse que as acusações que enfrenta hoje são reflexo das políticas implantadas durante o período em que governou o país. “Se [você] representa os interesses das minorias, nunca vai te acontecer nada”, declarou.
Na última quinta-feira (30/06), a polícia argentina cumpriu mandados de busca em imóveis da empresa Los Sauces, da qual Cristina Kirchner possui ações. A ação é parte de uma investigação sobre um suposto esquema de corrupção durante seu mandato (2007-2015).
O processo, ordenado pelo juiz Claudio Bonadio, investiga se houve pagamento de propinas relacionadas a licitações de obras públicas à ex-presidente através do aluguel dos imóveis.
“É claro e evidente que sou perseguida. Devo ser a única pessoa que é investigada por dois juízes de Comodoro Py [tribunal] pela mesma causa e com o mesmo objeto”, afirmou Cristina.
A mandatária declarou também que pedirá à Justiça uma auditoria, feita por empresas públicas e privadas, sobre todas as obras públicas realizadas em seu governo a fim de verificar se houve ou não superfaturamento nos contratos.
“Vou propor que se faça uma auditoria sobre toda a obra pública”, disse a presidente, que classificou como “disparate” as acusações. “Isso de dizer alegremente que houve superfaturamento na obra pública é disparatado”, disse a ex-mandatária, que lembrou que 60% das obras foram realizadas de forma descentralizada.
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“Estamos falando de um plano de obra pública de milhões de dólares executada pelo governo nacional, mas também por governadores e intendentes”, disse.
Sobre as denúncias de pagamento de propinas, ela afirmou ser “irrisório” o valor dos alugueis dos imóveis em comparação com o valor dos contratos de obras públicas. “Alguém de forma sensata poderia pensar que, em dentre vários multimilionários, alguém vai realizar um ato de corrupção a partir do aluguel de imóveis que tem um valor irrisório”?
Sobre a situação do país hoje, Cristina criticou a gestão de seu sucessor, Mauricio Macri, pelo “desequilíbrio” que vem causando à população
“[A situação] me deixa triste porque fizemos muito esforço nesses 12 anos. Alguém poderia pensar que mudariam certas coisas, mas não pensei que o desequilíbrio seria desta forma e com esse impacto sobre a vida das pessoas”, afirmou.
Ela disse lamentar sobretudo o aumento de tarifas de serviços públicos.“O ‘tarifaço’ foi monstruoso, não somente para as famílias, mas também para as empresas”, acrescentou.