José Serra, ministro das Relações Exteriores do governo interino do Brasil, afirmou nesta terça-feira (02/08) que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, “não tem condições” de presidir o Mercosul.
“O presidente da Venezuela não tem condições para assumir a presidência do Mercosul. Primeiro porque a Venezuela não cumpriu as exigências existentes, os pré-requisitos para integrar o Mercosul. Houve um equívoco no passado nesta matéria. Segundo porque, evidentemente, alguém que não consegue governar o seu país não vai poder levar o Mercosul para um bom caminho”, disse à imprensa em Brasília o chanceler, nomeado por Michel Temer no dia 12 de maio.
Jessika Lima / AIG-MRE
Serra durante sua posse como ministro das Relações Exteriores; chanceler do governo interino se opõe à Venezuela na direção do Mercosul
Serra disse que o governo interino acha “razoável” a proposta argentina de criação de uma comissão de embaixadores dos países-membros para dirigir o Mercosul “informalmente” até o fim do ano, quando deveria acabar o mandato venezuelano e começar o mandato argentino na Presidência rotativa do bloco.
“Não podemos ficar presos a situações absurdas de um país que não é uma democracia”, disse Serra. “Não dá para desviar a atenção de aspectos tão importantes da integração econômica em função da dinâmica dos problemas de um governo autoritário na Venezuela”, afirmou, lembrando a proposta do governo interino de doar medicamentos ao país sul-americano e dizendo “torcer para que haja entendimento nacional na Venezuela”.
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Segundo o chanceler do governo Temer, Paraguai e Argentina compartilham “mais ou menos” seu entendimento sobre a questão. O Uruguai, entretanto, declarou ao finalizar seu mandato na sexta-feira (29/07) que “não existem argumentos jurídicos que impeçam a passagem da Presidência Pro Tempore à Venezuela”.
Também nesta terça-feira (02/08), a Venezuela denunciou “as maquinações da direita extremista do sul do continente”, em referência às tentativas de Argentina, Brasil e Paraguai de impedir que o país assuma a Presidência rotativa do Mercosul. Na sexta-feira (29/07), após o fim do mandato uruguaio, o governo venezuelano anunciou que estava assumindo a Presidência do bloco, mas seu mandato não foi reconhecido pelos três países.
Em comunicado divulgado pela chancelaria venezuelana na terça, Caracas afirma que Brasil, Argentina e Paraguai formaram uma “Tríplice Aliança” e estariam prestes a refazer “uma espécie de Operação Condor” contra a Venezuela.
“Por trás deste plano estão aqueles que sempre conspiraram contra a união sul-americana com o objetivo de impor o Consenso de Washington [encontro que pretendia pensar estratégias para estimular o neoliberalismo no resto do continente], com a falsa convicção de que chegou o momento de desaparecer a revolução bolivariana”, afirmou a chancelaria.
Opera Mundi contatou a Embaixada da Venezuela pedindo uma posição sobre as declarações de José Serra e aguarda resposta.