No último domingo (12/06), o norte-americano Omar Marteen entrou em uma boate gay de Orlando, na Flórida, e matou 49 pessoas. Isso por si só e chocante e ruim o suficiente para deixar qualquer um que goza de plenas faculdades mentais em tristeza profunda.
Não parecia que podia ficar pior, mas ficou.
Chega a ser risível a tentativa de alguns setores da sociedade – jornais e políticos em especial – de desviar do real assunto a ser tratado. Não, gente, não foi só terrorismo. Não, gente, não foi só radicalismo. Não, gente, não é por causa de violência doméstica. Não, gente, não é só porque é fácil comprar uma arma nos EUA. Não, gente, não é só pela lógica de matar alguém.
Agência Efe
Após o ataque, vigílias aconteceram no mundo inteiro em memória das vítimas; na foto, protesto em San Francisco (EUA)
Se o objetivo era só matar, porque Mateen não entrou em qualquer outro lugar? Se era “só” radicalismo, pelo simples fato de matar qualquer pessoa, por que ele foi diretamente a uma balada gay?
Justamente porque, sim, havia um alvo. Foi por homofobia.
O sujeito entrou numa boate gay, para matar gays, lésbicas e pessoas trans que estavam lá dentro. Tentar negar ou esconder isso ou é má-fé, ou um problema sério de desinformação.
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Ao dizer “não importa onde foi” ou que aconteceu só um “ataque a uma casa noturna” tira-se o foco da comunidade LGBT – que, repito, era o alvo –, tornando-a invisível.
Isso é bastante conveniente para aqueles que propagam ódio, ainda mais em um cenário de homofobia institucionalizada como o que vivemos. Assim não fosse, o Itamaraty não lançaria uma nota sem citar, nenhuma vez, que o atentado ocorreu em um lugar criado para o público LGBT, ou que o fato foi um ataque à comunidade.
E nós cansamos de ser invisíveis. E atingir um é atingir a todos.
Parem de nos insultar.
Foi por homofobia sim. Foi um ataque à comunidade LGBT.
Parem de fingir que foi qualquer outra coisa.