Oficiais militares de Israel afirmaram nesta quarta-feira (08/05) ao jornal independente Middle East Eye (MEE) que o país abandonou os seus objetivos de libertar os reféns em Gaza, para caçar líderes do Hamas em Rafah, onde o exército estendeu sua ofensiva nesta última semana.
“Alguns reféns podem ser trocados. No entanto, eles não preocupam mais ninguém”, declararam sobre os 128 israelenses que o governo de Tel Aviv estima ainda estarem sob controle do Hamas. O país ainda estipula que há 35 reféns militares já mortos, enquanto o Hamas afirma que pelo menos 70 prisioneiros morreram durante ataques aéreos sionistas.
Segundo as declarações dos representantes do exército de Israel, que falaram sob condição de anonimato ao jornal, o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu procura “estabelecer uma presença de longo prazo com a sua ofensiva terrestre em Rafah”.
Os oficiais questionam assim a estratégia do premiê, dizendo que os objetivos do governo não eram claros e que o plano de resgatar os reféns “havia colapsado”.
“As operações de Netanyahu em Gaza visam fundamentalmente caçar Yahya Sinwar [principal líder do Hamas]”, disse um oficial que atua na ofensiva em Gaza, acrescentando que a guerra se tornou “pessoal” para o primeiro-ministro israelense.
Em entrevista ao MEE, o oficial disse que o exército de Israel ficou “obcecado” em capturar Sinwar e outros militantes das Brigadas Qassam, o braço armado do Hamas. “O exército e a inteligência são incapazes de tomar as decisões certas”, declarou ainda.
Sobre a incursão que acontece neste momento em Rafah, cidade fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito e que abriga mais de um milhão deslocados palestinos, o oficial militar reconheceu que “operações especiais visando indivíduos de alto escalão numa área densamente povoada arriscava tornar o conflito ‘perpétuo’”.
Já outro oficial, que não está atualmente em Gaza, disse que o exército agora planeja, com a aprovação dos Estados Unidos, uma “nova fase” na guerra, que envolveria uma presença militar israelense estendida no enclave – justamente contra uma das principais exigências do Hamas para a devolução dos reféns.
A denúncia sobre esses planos levou o MEE a contatar o Departamento de Estado dos EUA e o exército de Israel, mas escreveu que não recebeu nenhuma resposta até o momento da publicação.