Combinando questões gerais e outras bastante pessoais, Opera Mundi traz o especial A Pandemia no Mundo. O objetivo é verificar o impacto da covid-19 em diferentes países. Trata-se de uma enquete: as mesmas 27 perguntas são repetidas para moradores deles, de modo que as respostas possam ser acompanhadas e comparadas.
Quando a pandemia começou, dizia-se muito que o coronavírus era “democrático”, atacando igualmente pobres e ricos, brancos, asiáticos e negros, homens e mulheres.
O que a realidade mostrou é que os pobres são mais vítimas da covid-19, como a condução das políticas de saúde por governos de todo o mundo resultou em radicais diferenças no número de contaminados e de mortos.
Quem responde as perguntas hoje é o jornalista Fernando Vives, de Sydney.
1. Descreva o grau máximo de isolamento social praticado onde você está.
Houve o confinamento (lockdown) no fim de março, relaxado agora no início de maio. Mas as pessoas ainda estavam liberadas para se exercitar nos parques por uma hora por dia, sem contato social.
2. Quando começou sua quarentena?
No fim de março, lá pelo dia 23.
3. Quem está com você?
Minha mulher e meu filho de 4 anos.
4. É fácil conviver assim?
Não é fácil, mas poderia ser mais difícil. Antes eu saía com meu filho todos os dias para ir aos parques e playgrounds. Agora ele assite TV por mais de 8 horas por dia. É triste, mas é o que dava pra fazer.
5. Quando você sai de casa?
Para trabalhar e ir ao mercado (duas ou três vezes por semana).
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6. Teve ou conhece alguém no país em que está que teve covid-19?
Uma conhecida da minha mulher contraiu covid-19 em um cruzeiro.
7. Como viu a ação do governo do país em que está em relação ao coronavírus?
Foi titubeante no início, não queria fazer o lockdown de modo algum, mas se viu sem alternativas. A partir disso, seguiu as determinações da OMS e colocou dinheiro público na sociedade, e pregou união política. Contudo, disse aos imigrantes temporários no país que “voltassem ao país de origem pra ter ajuda”. Muitos ficaram desassistidos.
8. Ela mudou muito com o tempo?
Não.
9. Você está neste país por que motivo?
Minha mulher conseguiu o visto de trabalho. A profissão dela está na lista de profissões que o governo emite anualmente.
10. Acompanhou a situação brasileira?
Sim, diariamente.
11. A embaixada brasileira se comunicou com você ou com pessoas que você conheça?
Não, mas sei que intermediou a negociação para voos para a saída de brasileiros com visto temporário do país de volta ao Brasil. Isso já num momento em que quase não havia voos.
12. O governo brasileiro ofereceu algum tipo de ajuda?
Não.
13. Como você acompanha as notícias do Brasil?
Portais de notícias e redes sociais (Twitter e WhatsApp, em especial).
14. Gostaria de voltar ao Brasil? Por quê?
Não penso nisso no momento.
15. Sua vida profissional mudou durante a pandemia? Como?
Não.
16. Sua vida afetiva (inclusive sexual, se quiser tratar disso) mudou durante a pandemia? Como?
Não.
17. Você engordou, emagreceu ou manteve o peso?
Mantive.
18. Você bebe mais ou menos durante a pandemia?
Menos.
19. O que tem feito para ocupar o tempo durante a quarentena?
Estudado, visto séries, lido.
20. Desenvolveu, voltou a praticar ou abandonou algum hobby durante a pandemia?
Deixei de caminhar, passear ou comer fora. Não desenvolvi nada novo.
21. Desenvolveu, voltou a praticar ou abandonou algum vício durante a pandemia?
Não.
22. Tem realizado atividades para cuidar da saúde mental durante a pandemia?
Não.
23. A pandemia fez com que você mudasse seu posicionamento político?
Não.
24. Se pudesse dar um conselho a você mesmo antes de entrar em quarentena, qual seria?
Acesse menos o WhatsApp.
25. Você tem lido mais ou menos notícias durante a pandemia? Como é sua relação com o noticiário?
Mais. Leio o tempo todo agora, mais do que antes.
26. Como está a questão do abastecimento de insumos no país em que você está?
Por um mês, houve menos abastecimento de papel higiênico, farinha e massas. Nada que tenha sido grave.
27. Como está o relacionamento com sua família? Melhorou? Piorou?
Igual.