A crise diplomática entre os governos da Alemanha e da Turquia ganhou mais tensão neste domingo (19/03) após Ancara convocar o embaixador alemão para explicações. Nos meios diplomáticos, a convocação de um embaixador é vista como uma medida forte, que expressa o descontentamento de um país.
Segundo o governo turco, a convocação refere-se a uma manifestação pró-curdos em Frankfurt, ocorrida no sábado (18), que reuniu cerca de 30 mil pessoas. “A Alemanha colocou seu nome em um novo escândalo”, disse o porta-voz da Presidência turca, Ibrahim Kalin.
Para o governo de Recep Tayyip Erdogan, os grupos curdos – especialmente o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em turco) – são organizações terroristas. Isso porque, militantes ligados aos curdos são acusados de realizar frequentes ataques e emboscadas contra militares da Turquia.
Agência Efe
Em manifestação pelo ano novo iraniano, curdos foram às ruas em Frankfurt pedir liberdade a líder Abdullah Ocalan
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No entanto, os grupos curdos são fundamentais para os países ocidentais no combate aos extremistas do Estado Islâmico (EI) e Frente al Nusra na Síria, que faz fronteira com a Turquia. Por isso, para o Ocidente – e até mesmo para a Rússia – os curdos não são considerados terroristas e sim grupos que lutam por sua independência de Ancara.
Além de convocar o embaixador, o presidente Erdogan acusou a chanceler Angela Merkel de “apoiar terroristas”, referindo-se ao caso da prisão do jornalista turco-alemão Deniz Yucel, do jornal Die Welt, preso em fevereiro no país. A chanceler alemã criticou a prisão de Yucel no fim do mês passado e disse esperar um “tratamento justo e leal” da Justiça e do governo ao jornalista.
A prisão do alemão é apenas uma das milhares de prisões feitas na Turquia – incluindo inúmeros jornalistas – desde a tentativa fracassada de golpe contra Erdogan, em julho do ano passado.
(*) Com Ansa