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Direitos Humanos

Em meio à greve geral, Equador tem estado de sítio ampliado e repressão

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Pelo menos uma pessoa morreu e outras 55 ficaram feridas em 9 dias de mobilização nacional indígena

Redação Opera Mundi

São Paulo (Brasil)
2022-06-21T21:34:00.000Z

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A mobilização nacional no Equador convocada pela Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie) contra a gestão do presidente Guillermo Lasso completou nove dias consecutivos nesta terça-feira (21/06) em meio a um novo decreto de estado de sítio e denúncias de repressão policial. 

A Confederação dos povos Kayambi, que faz parte da Conaie, acusou a polícia do Equador de cometer ações agressivas contra os manifestantes mobilizados. 

"A Confederação dos povos Kayambi denuncia e repudia a brutal repressão da polícia do Equador no norte do país", afirma a organização. 

Desde la Confederación del Pueblo Kayambi, rechazamos la represión brutal de la @PoliciaEcuador @CONAIE_Ecuador pic.twitter.com/vzmvkKFFAW

— PUEBLO KAYAMBI (@pueblo_kayambi) June 20, 2022

Segundo levantamentos de organizações de direitos humanos no Equador, 79 pessoas foram detidas durante a greve e 55 ficaram feridas.

O Ministério do Interior equatoriano também registrou que cinco pessoas caíram de uma ponte em Quito, sendo que um jovem de 22 anos morreu  e outras quatro permanecem internadas em estado grave.

Além disso, a organização Kayambi escreveu no Twitter que um jovem de 18 anos foi morto em uma "luta pacífica" em Guayllabamba, e que esta morte teria sido ocultada pela Polícia do Equador. 

O presidente da Conaie, Leônidas Iza, que foi detido de maneira ilegal durante a mobilização na semana anterior, assegurou que os manifestantes vão continuar “lutando e resistindo”, ressaltando que a força militar “não pode ser adotada” como mecanismo de repressão, mas que continuam “abertos ao diálogo”.

Twitter/Conaie
Conaie denunciou a repressão exercida pelas forças policiais contra os manifestantes

Entre as principais demandas da mobilização e da Conaie estão o congelamento dos preços dos combustíveis, o controle dos preços nos mercados, a não privatização de empresas estatais e maiores orçamentos para educação e saúde.

“Democracia em risco”

Também nesta terça-feira, o ministro da Defesa do Equador, Luis Lara, disse que as Forças Armadas do Equador “não permitirão tentativas de quebrar a ordem constitucional ou qualquer ação contra a democracia e as leis da república". 

Ele também defendeu, em comunicado, que os protestos no país colocam a democracia equatoriana “em sério risco” e comparou as manifestações ao narcotráfico e ao crime organizado no país. A mensagem do titular foi recebida pelos manifestantes como uma ameaça.

Estas acciones coinciden con el brutal ataque criminal que el país ha venido sufriendo por parte del narcotráfico y el crimen organizado. pic.twitter.com/xjzaXcacoN

— Ministerio de Defensa Nacional del Ecuador (@DefensaEc) June 21, 2022

Em resposta aos protestos, na última sexta-feira (17/06), o presidente Lasso declarou estado de emergência nas províncias de Pichincha, Imbabura e Cotopaxi, além da capital Quito. No entanto, também nesta terça, a decisão incorporou outras três regiões: Tungurahua, Chimborazo e Pastaza.

A Assembleia Nacional do Equador, por sua vez, aprovou a convocação de uma mesa de diálogo entre o governo de Guillermo Lasso, grupos indígenas mobilizados e setores sociais que participam da greve geral.

(*) Com Telesur

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Análise

Patentes na OMC é uma derrota para os países do Sul Global

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Pandemia de covid-19 reativou a debate sobre a quebra de patentes para medicamentos e vacinas. Apesar de sua união em torno do tema, países subdesenvolvidos sofreram uma derrota

Alessandra Monterastelli

Outras Palavras Outras Palavras

2022-07-06T22:35:00.000Z

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No dia 17 de junho, saiu fumaça branca das chaminés da Organização Mundial do Comércio (OMC). A entidade, responsável pela regulação de patentes internacionais, anunciou que chegara a uma conclusão sobre as vacinas contra o coronavírus. Tratava-se do pedido de isenção do acordo TRIPS – sigla em inglês para Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio. Firmado na virada do século, tal compromisso obriga os países-membros da OMC a adotar padrões mais rigorosos de proteção patentária. Consequentemente, encarece o acesso às inovações tecnológicas, inclusive no setor farmacêutico. Mas a decisão final foi amplamente criticada por ativistas da saúde e movimentos populares em todo o mundo, já que a OMC rejeitou a isenção total do TRIPS. 

Em 2020, diante da disseminação do novo coronavírus, África do Sul e Índia protocolaram a proposta de isenção do Acordo, que obteve amplo apoio dos países em desenvolvimento e de baixa renda – com exceção do Brasil. A nova decisão foi saudada pelo Secretariado da OMC e por representantes de países ricos como um resultado sem precedentes, mas ativistas condenam que, na prática, a decisão não atende as necessidades mínimas da maior fatia do mundo. “Houve um esvaziamento da proposta pelos países mais ricos. O texto perdeu totalmente sua força, não trouxe nada novo”, explica Felipe Carvalho, Coordenador Regional da Campanha de Acesso do Médicos Sem Fronteiras ao Outra Saúde.

A conclusão do órgão concedeu uma exceção temporária à restrição das quantidades de vacinas que podem ser exportadas sob licença compulsória; diagnósticos e tratamentos não estão incluídos e devem obedecer ao limite de exportação durante o tempo de licença compulsória – decretada durante emergências sanitárias, como é o caso da pandemia. Além disso, a concessão vale apenas para responder à covid-19 e não tem validade diante de outras crises de saúde. O acordo final não inclui o compartilhamento de segredos comerciais e know-how de fabricação, o que prejudicará a produção de vacinas com tecnologia avançada por países de baixa renda – como é o caso dos imunizantes de RNA.

Carvalho conta que o problema é abordado com frequência em reuniões escpecais da OMS e da ONU.  “Existe um consenso entre especialistas e órgãos multilaterais de que as patentes causam constantes crises de acesso e inovação na saúde”. Em maio, o The Guardian divulgou que a Pfizer lucrou 25,7 bilhões de dólares só no início de 2022 – mais da metade do valor está relacionado à venda de vacinas contra a covid-19. Tim Bierley, ativista do Global Justice Now, denunciou ao jornal britânico que apesar do apelo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de outras organizações, a farmacêutica seguia se recusando a compartilhar a tecnologia de produção do imunizante. O diretor da OMS, Tedros Adhanon, afirmou em 2021 que a pandemia estava sendo prolongada por uma “escandalosa desigualdade” diante do acúmulo de doses de imunizantes por países ricos enquanto países pobres não conseguiam avançar em sua meta de vacinação em massa. 

“Desde a criação do acordo TRIPs nós temos um cenário de constantes crises de acesso a medicamentos essenciais”, conta Felipe. Ele relembra o caso emblemático da epidemia de HIV/AIDS, na década de 1990. “Em 1996 surgiu a primeira terapia para a doença. As pessoas pararam de morrer e passaram a conviver com o vírus. Mas essa terapia não chegou nos países onde o cenário era mais grave”, explica. O ano de 1996 foi também quando o acordo TRIPS entrou em vigor, após sua criação em 1994 e preparação em 1995. “A partir daí se criou uma coalizão na sociedade civil, da qual fazemos parte, chamada Movimento de Luta pelo Acesso a Medicamentos. A pergunta era: por que os preços eram tão altos e o tratamento se tornava inacessível para milhões de pessoas? Nos aprofundamos no sistema de patentes e entendemos que o monopólio era a causa”, relembra.

Apesar do TRIPS possuir cláusulas que permitem flexibilizações, elas são de difícil utilização devido a dois fatores principais: sua não-incorporação completa em leis de países-membros e a pressão que as farmacêuticas exercem sobre as decisões da OMC. Na década de 1990, diante da grave situação vivida na África do Sul – país com maior número de mortes pela AIDS na época – o governo então liderado por Nelson Mandela aprovou uma das medidas previstas no TRIPS para importar genéricos. Na ocasião, Mandela sofreu o processo de 39 farmacêuticas que se opuseram à decisão tomada para conter a crise de saúde pública. Apesar da derrota das corporações na justiça, “esse é um exemplo de como essas empresas e seus países-sede tentam barrar as normas legítimas existentes no TRIPS”, exemplifica Carvalho.

A OMC é uma instituição formada por 164 membros e opera com base na tomada de decisões por consenso. “A OMC falhou em fornecer uma isenção. O acordo coloca os lucros à frente das vidas e mostra que o atual regime de propriedade intelectual falha em proteger a saúde e promover a transferência de tecnologia. Essa não-renúncia estabelece um mau precedente para futuras pandemias e continuará a colocar vidas em risco” declarou Lauren Paremoer, médica e integrante do Peoples’ Health Movement na África do Sul. 

A Health Action International, referência no trabalho para expandir o acesso a medicamentos essenciais, argumentou em nota que a decisão da OMC impõe obstáculos ao licenciamento compulsório, uma das poucas flexibilidades existentes no TRIPS, em troca de uma abertura tímida para a facilitação da exportação de vacinas. Outras entidades representantes da sociedade civil já denunciaram a atuação dos países ricos e vêm aumentando a pressão sobre os governos. O objetivo, segundo seus porta-vozes, é que sejam tomadas medidas concretas para desafiar as regras de monopólio farmacêutico da OMC e garantir mais acesso a medicamentos e tecnologias. 

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