A mobilização nacional no Equador convocada pela Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie) contra a gestão do presidente Guillermo Lasso completou nove dias consecutivos nesta terça-feira (21/06) em meio a um novo decreto de estado de sítio e denúncias de repressão policial.
A Confederação dos povos Kayambi, que faz parte da Conaie, acusou a polícia do Equador de cometer ações agressivas contra os manifestantes mobilizados.
“A Confederação dos povos Kayambi denuncia e repudia a brutal repressão da polícia do Equador no norte do país”, afirma a organização.
Desde la Confederación del Pueblo Kayambi, rechazamos la represión brutal de la @PoliciaEcuador @CONAIE_Ecuador pic.twitter.com/vzmvkKFFAW
— PUEBLO KAYAMBI (@pueblo_kayambi) June 20, 2022
Segundo levantamentos de organizações de direitos humanos no Equador, 79 pessoas foram detidas durante a greve e 55 ficaram feridas.
O Ministério do Interior equatoriano também registrou que cinco pessoas caíram de uma ponte em Quito, sendo que um jovem de 22 anos morreu e outras quatro permanecem internadas em estado grave.
Além disso, a organização Kayambi escreveu no Twitter que um jovem de 18 anos foi morto em uma “luta pacífica” em Guayllabamba, e que esta morte teria sido ocultada pela Polícia do Equador.
O presidente da Conaie, Leônidas Iza, que foi detido de maneira ilegal durante a mobilização na semana anterior, assegurou que os manifestantes vão continuar “lutando e resistindo”, ressaltando que a força militar “não pode ser adotada” como mecanismo de repressão, mas que continuam “abertos ao diálogo”.
Twitter/Conaie
Conaie denunciou a repressão exercida pelas forças policiais contra os manifestantes
Entre as principais demandas da mobilização e da Conaie estão o congelamento dos preços dos combustíveis, o controle dos preços nos mercados, a não privatização de empresas estatais e maiores orçamentos para educação e saúde.
“Democracia em risco”
Também nesta terça-feira, o ministro da Defesa do Equador, Luis Lara, disse que as Forças Armadas do Equador “não permitirão tentativas de quebrar a ordem constitucional ou qualquer ação contra a democracia e as leis da república”.
Ele também defendeu, em comunicado, que os protestos no país colocam a democracia equatoriana “em sério risco” e comparou as manifestações ao narcotráfico e ao crime organizado no país. A mensagem do titular foi recebida pelos manifestantes como uma ameaça.
Estas acciones coinciden con el brutal ataque criminal que el país ha venido sufriendo por parte del narcotráfico y el crimen organizado. pic.twitter.com/xjzaXcacoN
— Ministerio de Defensa Nacional del Ecuador (@DefensaEc) June 21, 2022
Em resposta aos protestos, na última sexta-feira (17/06), o presidente Lasso declarou estado de emergência nas províncias de Pichincha, Imbabura e Cotopaxi, além da capital Quito. No entanto, também nesta terça, a decisão incorporou outras três regiões: Tungurahua, Chimborazo e Pastaza.
A Assembleia Nacional do Equador, por sua vez, aprovou a convocação de uma mesa de diálogo entre o governo de Guillermo Lasso, grupos indígenas mobilizados e setores sociais que participam da greve geral.
(*) Com Telesur