A Plataforma Grita, que reúne denúncias contra violações de direitos humanos na Colômbia, registrou 1.708 casos de violência policial entre 28 de abril, quando se iniciaram os protestos no país, e esta quarta-feira (05/05). Este número ainda não reflete os acontecimentos da última noite, em que agentes do Esquadrão Móvel Antimotim (Esmad) e do Exército seguiram com a repressão às manifestações.
Nas denúncias de repressão policial, há 222 casos de vítimas de violência física, 37 homicídios, 831 prisões arbitrárias, 312 intervenções violentas, 22 pessoas com lesões oculares, 110 vítimas de balas sacadas por policiais e 10 casos de violência sexual. Os casos foram registrados em diversas cidades do país – da capital Bogotá, passando por Cali, Medellín, Barranquilla, Buga e Palmira.
Os números são maiores do que os registrados pelos órgãos oficiais do país. A Defensoria Pública reconhece 11 mortes em decorrência dos protestos.
E, na noite desta quarta, a repressão violenta prosseguiu. Pelo menos dois jovens foram mortos e vários ficaram feridos na cidade de Pereira (320 km ao oeste de Bogotá).
Humano Salvaje/FlickrCC
Manifestação em Medellín; repressão policial já provocou mais de 1.700 casos de violação de direitos humanos
Segundo vídeos que circularam nas redes sociais, o incidente aconteceu quando as forças de ordem dispararam contra a concentração de jovens que se manifestavam contra o governo de Iván Duque. Os dois mortos eram estudantes de Educação Física da Universidade Tecnológica de Pereira.
Os manifestantes solicitaram a presença de organizações internacionais de direitos humanos para demonstrar as violações de civis por parte das forças do Estado.
Denúncia contra policiais
O Ministério Público colombiano anunciou na quarta-feira que vai acusar policiais pelos homicídios de três civis durante as manifestações. “Esses homicídios serão atribuídos a integrantes da Polícia Nacional no âmbito dessas manifestações”, disse o procurador-geral da Colômbia, Francisco Barbosa, em comunicado conjunto com o ombudsman, Carlos Camargo.
Barbosa lembrou que seu gabinete denunciou 24 homicídios durante os protestos e que o Ministério Público, após utilizar “todos os mecanismos de esclarecimento judicial”, determinou que “11 mortes violentas ocorram por ocasião dessas manifestações, sete estão sob apuração e seis homicídios têm nenhuma vinculação.”