Uma faixa com a mensagem “Battisti Livre, anistia para os companheiros, nós permanecemos”, foi colocada na Ponte degli Annibaldi na noite do último domingo (13/01) próximo ao Coliseu, na cidade de Roma.
Com cerca de dois metros de comprimento, a faixa também trazia um desenho de uma estrela vermelha de cinco pontas que simboliza os movimentos políticos de esquerda.
O material foi retirado pela polícia italiana que com a ajuda de câmeras de segurança que vai investigar os responsáveis.
Um perfil no Facebook intitulado Noi Restiamo (Continuamos) reivindicou a ação: “O eixo Salvini-Bolsonaro prende Cesare Battisti, bode expiatório usado para condenar um período histórico de grande mudança social e luta política”, diz o post. “Com os aplausos da Esquerda manettara o movimento reacionário no mundo continua seu açougue social tentando a aniquilação de uma história não pacificada Como sempre na história os senhores e servos cobrem seus crimes condenando aqueles que reagiram à sua violência.”
Pena dura
Priscila Luana Pereira , ex-companheira de Cesare Battisti, criticou a pena imposta pela justiça italiana. “Acredito que os defensores dos direitos humanos vão pedir a redução da pena. Cesare foi julgado à revelia e a sentença é muito dura”, afirmou ao jornal Estado de S. Paulo.
Professora e residente no litoral de S. Paulo, Priscila tem um filho de cinco anos com Battisti e demonstrou apreensão pela vida do ex-marido. “Cesare já tem alguma idade e problemas de saúde como hepatite, precisa tomar medicamento. Os próximos passos são para garantir que ele não fique em condições insalubres”, explica Priscila, que não entende o motivo da colaboração do governo de Jair Bolsonaro que enviou um avião para a Bolívia depois que o ex-marido foi detido. “A partir do momento que ele saiu do Brasil o assunto é da Bolívia com a Itália”, afirmou.
Entenda o caso
A Itália tenta a extradição de Battisti desde 2007, quando Battisti foi preso no Brasil – após fugir da Itália, Battisti passou por França e México antes de chegar ao Brasil.
Lula decidiu, em 31 de dezembro de 2010, por conceder refúgio a Battisti. À época, o STF considerou que essa decisão era de responsabilidade exclusiva da Presidência – assim, apesar dos recursos da Itália, o refúgio foi mantido até recentemente, quando Temer autorizou a extradição.
Num julgamento à revelia, o ativista Cesare Battisti havia sido condenado à prisão perpétua na Itália, em 1993, acusado de quatro assassinatos durante os anos 1970, quando diversos pequenos grupos radicais italianos optaram pela luta armada. Exilado, viveu na França e no México antes de fugir para o Brasil, onde foi preso em 2007. Em janeiro de 2009, o então ministro da Justiça, Tarso Genro, concedeu refúgio político a ele, após uma decisão contrária, mas apertada (3 votos contra 2) do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados).
Houve, a partir de então, um intenso debate no país, uma enorme pressão do governo italiano, um julgamento em que o Supremo Tribunal Federal questionou o status de refugiado e recomendou uma conduta (a extradição), mas reconheceu que a decisão final ficava a cargo do Presidente da República.
A Itália afirma que Battisti não cometeu crimes políticos, mas crimes comuns. Argumenta que as supostas vítimas das ações armadas do PAC eram pessoas distantes do poder, policiais e pequenos empresários que não estavam ligados às disputas políticas da conturbada década de 1970.
Quotidiano.net
Faixa com a mensagem “Battisti Livre, anistia para os companheiros, nós permanecemos”, foi colocada na Ponte degli Annibaldi na noite do últ