O presidente da Bolívia, Evo Morales, declarou nesta quarta-feira (23/10) Estado de Emergência no país, e denunciou há uma tentativa de golpe de Estado em curso. A medida vem após a intensificação dos protestos, convocados pela oposição, por conta dos resultados das eleições presidenciais – que indicam vitória de Morales no primeiro turno.
“Eu denuncio perante o povo boliviano e o mundo que está em processo um golpe de Estado que foi preparado pela direita com apoio internacional. Faço um apelo aos organismos internacionais para defender a democracia”, afirmou. “Não vamos buscar o confronto, porém vamos defender a democracia.”
Morales disse também que a direita quer desprezar o voto indígena. “Entendo o desespero da direita boliviana que não quer reconhecer o triunfo do voto indígena, como nunca reconheceu no passado”, afirmou.
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Nesta quarta, setores oposicionistas de mobilizam para o que classificam de greve geral – uma série de protestos nas principais cidades do país (La Paz, Santa Cruz de la Sierra e Cochabamba). O presidente boliviano pediu para que a população fique atenta com a desinformação. “Alguns setores foram confundidos. Não se deixem levar com mensagens falsas em redes sociais.”
Apuração e fiscalização
Na terça (22/10), Morales se reuniu com representantes de organismos internacionais. “Tivemos uma reunião muito produtiva com observadores, delegações diplomáticas, da União Europeia e da OEA para escutar e responder a suas preocupações. Reiteramos o convite para que fiscalizem todo o processo de contagem de votos, ata por ata, com todas as garantias”, escreveu o presidente no Twitter.
De fato, o governo da Bolívia solicitou à Organização dos Estados Americanos (OEA) que realizasse uma “auditoria especial” na apuração.
ABI
Morales denunciou tentativa de golpe e falou em defesa da democracia
“Entregamos a nota oficial ao secretário da OEA, Luis Almagro, em Washington. Estamos solicitando que seja realizada uma auditoria especial, uma verificação de uma a uma das tas de votação do último 20 de outubro”, anunciou o chanceler boliviano Diego Pary.
Na noite desta segunda-feira (21/10) após o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) anunciar a retomada da contagem rápida dos votos e Morales como vitorioso no primeiro turno, o principal candidato da oposição, Carlos Mesa, anunciou que não reconheceria os resultados e acusou fraude na apuração.
Grupos opositores, então, foram às ruas e cometeram diversos atos de vandalismo. Pontos de apuração foram incendiados, prédios destruídos e funcionários públicos ameaçados.
A presidente do Tribunal Supremo Eleitoral da Bolívia, María Eugenia Choque, rebateu nesta as acusações e fraude feitas pela oposição e afirmou que “não há nada para esconder”. “Este processo está supervisionado e administrado por uma auditoria, não por nós, mas sim por uma empresa e a empresa também nos dirá se esses resultados são fraudulentos. Senhoras e senhores, [os resultados] não são fraudulentos porque eles estão apresentados e cada um dos cidadãos e organizações políticas nos acompanharam”, disse.
O chefe adjunto da delegação da União Europeia na Bolívia, Jörg Schreiber, fez um chamado à população boliviana para que fosse respeitado o desejo dos eleitores e condenou o uso de violência por parte de alguns grupos da oposição.
“Os incidentes recentes devem ser investigados, além disso fazemos um chamado a todas as partes para se absterem do uso da violência. A União Europeia tem sido ainda é principal parceira da Bolívia na promoção do desenvolvimento econômico e social, assim como no fortalecimento do Estado de direito”, afirmou Schreiber.