O vice-presidente do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) da Bolívia, Antonio Costas, renunciou nesta terça-feira (22/10) ao cargo e creditou a decisão ao fato de a transmissão dos resultados preliminares – a contagem rápida conhecida como TREP (Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares) – ter sido interrompida. Segundo Costas, os números divulgados pelo sistema estavam corretos.
“A decisão de renunciar ao cargo se deve ao seguinte motivo: a decisão desatinada da Sala do Tribunal Supremo Eleitoral de suspender a publicação dos resultados da Transmissão de Resultados Preliminares Eleitorais-TREP”, afirmou Costas em sua carta de demissão, deixando claro que, apesar de ser vice do órgão, não participou da suspensão do TREP.
“[Essa] Situação derivou na desacreditação de todo o processo eleitoral, ocasionado uma desnecessária convulsão social, que espero que seja logo solucionada”, escreveu.
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Momentos depois, Costas reafirmou que não havia motivo para a suspensão – e reiterou que os dados estavam corretos. “Não houve nenhuma razão [para a interrupção]. Creio que tenha sido mais uma questão de suscetibilidade. Tínhamos uma empresa de auditoria, temos um sistema muito bem feito, com observações. Todo sistema informático tem observações, mas os resultados são impecáveis. Fizemos uma prova com uma amostra de mais de 13 mil atas: não há um só erro”, disse à Rádio Panamericana.
“Verificamos, inclusive, qualquer contingência entre o TREP e a contagem [oficial]. Os resultados são absolutamente corretos. Então, que sentido tinha que suspendêssemos a transmissão do TREP? Absolutamente nenhum”, afirmou.
ABI
Costas renunciou à vice-presidência do TSE boliviano
A divulgação da TREP foi suspensa no domingo (20/10), com 83,7% das urnas apuradas, segundo o TSE, para evitar “confusão” entre as apurações. Até então, Morales aparecia com 45,28% dos votos e uma vantagem de cerca de sete pontos percentuais com relação ao segundo colocado, o candidato de centro-direita Carlos Mesa, que estava com 38,16%.
Este resultado levaria o pleito para o segundo turno. De acordo com as leis eleitorais da Bolívia, a eleição é definida no primeiro turno quando o vencedor obtém 50% mais um dos votos ou conquista mais de 40% e abre mais de 10 pontos percentuais de vantagem sobre o segundo colocado.
A suspensão levou a acusações de fraude por parte da oposição. Mesa convocou protestos e se desatou uma onda de violência no país. Na noite de segunda (21/10), a contagem rápida voltou a ser divulgada, mostrando uma diferença de mais de dez pontos percentuais de Morales sobre Mesa, o que evitaria um segundo turno. Com 95,23% apurados, Evo tinha 46,86% dos votos, e Mesa, 36,72%.