“Dois povos, dois Estados” afirmou o papa Francisco nesta quarta-feira (01/11) como uma solução para o fim da guerra entre Israel e Hamas, além de pedir um estatuto especial para Jerusalém.
Em entrevista ao programa de notícias TG1, da emissora italiana RAI, o pontífice reforçou que “nada se resolve com a guerra”, e que “tudo se ganha com a paz” para o conflito que começou em 7 de outubro e que, nos últimos dias, ganhou proporções maiores com a intensificação dos ataques de Israel sobre a Faixa de Gaza.
O argentino explicou que “uma bofetada provoca outra: uma forte e outra ainda mais forte e assim continuamos”, para explicar a continuidade da guerra que chegou nesta quarta-feira ao seu 26° dia.
O pontífice ainda defendeu a consolidação de dois Estados para pôr fim aos ataques diários que, no total, já ultrapassam a marca de dez mil mortes somando as vítimas da Faixa de Gaza e Israel: “dois povos, dois Estados. O acordo de Oslo, dois Estados bem definidos e Jerusalém com um estatuto especial”.
Questionado sobre uma possível ascensão do antissemitismo no mundo, o líder da Igreja Católica afirma que, “infelizmente, o antissemitismo permanece escondido”, chegando a considerar que o “holocausto não foi suficiente para servir como um alerta, principalmente porque é possível ver o antissemitismo entre os jovens”, contextualizando que as seis milhões de pessoas mortas e submetidas à escravidão durante a Segunda Guerra Mundial é um fato que “vê e não gosta”.
Flickr/Pope Francis
Papa Francisco defende a consolidação de dois Estados para fim da guerra entre Israel e Hamas
Durante a entrevista, o Papa também levantou a indústria de armas como um dos problemas que considera “mais grave na guerra”: “uma pessoa que entende de investimentos, que conheci numa reunião, me disse que hoje os investimentos que mais rendem são as fábricas de armas”, relatou Francisco, pedindo às pessoas não se “acostumarem” com as guerras.
Disse ainda que mantém contato diário com 563 religiosos que estão em Gaza, entre cristãos e muçulmanos, na única paróquia católica da região, para assegurar de que estejam salvos.
A entrevista com o Papa acontece no momento em que o Exército israelense reforça seus ataques contra a Faixa de Gaza para “eliminar o Hamas”, sob orientação das autoridades do Estado.
No começo desta semana, o pontífice já havia deixado claro seu posicionamento a favor de um cessar-fogo:
Cessem o fogo. Parem, irmãos e irmãs: a guerra é sempre uma derrota, sempre, sempre!
— Papa Francisco (@Pontifex_pt) October 29, 2023
Até o momento, mais de 8.500 palestinos já perderam a vida, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, enquanto autoridades israelenses contabilizam mais de 1.500 mortes nas mãos do Hamas.
(*) Com Ansa.