Um alto funcionário do grupo palestino Hamas disse, nesta terça-feira (07/05), que a atual rodada de negociações no Egito representa a “última oportunidade” para Israel recuperar os reféns mantidos na Faixa de Gaza.
“As negociações representarão a última oportunidade para [Benjamin] Netanyahu e para as famílias [dos reféns] de verem seus filhos retornarem”, declarou o representante de alto escalão do grupo à agência de notícias AFP.
Já o premiê Netanyahu, pressionado pelas famílias dos israelenses detidos com o Hamas, acredita que atacar Rafah é necessário para resgatar os reféns
Segundo ele, invadir Rafah é importante para “desmantelar o Hamas”, o que leva a uma “pressão militar como condição necessária para o regresso dos reféns”. O governante israelense ainda acrescentou que a atual proposta discutida no Cairo “fica muito aquém das exigências essenciais de Israel”.
Ambas as declarações foram dadas no mesmo dia em que a delegação israelense desembarcou no Cairo para continuar as negociações sobre a proposta de cessar-fogo no conflito que já deixou cerca de 35 mil palestinos mortos.
Os representantes do grupo palestino, liderados por Khalil al-Hayya, também já estão na capital egípcia após aceitarem, na última segunda-feira (06/05), os termos da proposta.
O acordo sugerido pelos mediadores Catar e Egito, e aceito pelo Hamas, é dividido em três fases, com destaque para o cessar-fogo permanente entre os militantes do Hamas e o Exército de Israel e a troca de prisioneiros palestinos por reféns israelenses.
Cada fase do acordo deve ter uma duração de 42 dias, “com a trégua começando na primeira fase, juntamente com a retirada da ocupação israelense do corredor de Netzarim, que Israel usa para dividir o norte e o sul de Gaza”, informou sobre o documento a rede de televisão Al Jazeera.
O cessar-fogo permanente viria na segunda fase do acordo, com o fim “das operações militares e hostis e a retirada completa das forças israelenses de Gaza”.
“A proposta também inclui uma cláusula que aprova o fim do bloqueio de Gaza na terceira fase”, destacou o jornal catari.
A libertação dos reféns é uma pauta importante para Israel na proposta. No entanto, as autoridades do país questionam o acordo após o Hamas, segundo o jornal israelense Times Of Israel, afirmar que dos primeiros 33 reféns a serem libertos, nem todos podem estar vivos.
Nesta linha, o porta-voz das Brigadas Al-Qassam, braço armado do Hamas, Abu Ubaida, anunciou que uma mulher israelense de 70 anos, identificada como Judy Feinstein, refém do Hamas, “morreu devido aos ferimentos graves sofridos com outro refém em um bombardeio contra o local onde foram detidos há um mês”.
Segundo a rádio turca Tnt, a mulher teria morrido “sem os cuidados médicos necessários devido à destruição de hospitais na Faixa de Gaza por Israel”.
O dia de negociações entre Israel e Hamas é marcado por ataques israelenses em Rafah, cidade fronteiriça entre a Faixa de Gaza e o Egito, que abriga mais de um milhão de palestinos deslocados.
Após forças israelenses declararem o controle da fronteira Rafah do lado palestino na manhã desta terça-feira. O porta-voz do Hamas no Líbano, Osama Hamdan, declarou que a ação “é uma tentativa de Netanyahu de impedir um acordo e a implementação de um cessar-fogo”.
“O ataque das forças de ocupação à passagem de Rafah é um crime e uma escalada séria e perigosa contra uma instalação civil que está sob a proteção do direito internacional”, disse Hamdan, segundo a Al Jazeera, lembrando que o poder de decisão para o fim do conflito está “na mão de Netanyahu”.
(*) Com Ansa.