Os Houthis do Iêmen fizeram declaração nesta sexta-feira (12/01) em que prometem retaliação feroz pelos ataques dos Estados Unidos e do Reino Unido no Mar Vermelho, aumentando ainda mais a tensão na região. A possível do grupo gera perspectiva de escalada em um novo conflito no Oriente Médio, já assolado pela ofensiva militar de Israel em Gaza.
O bombardeio perpetrado por norte-americanos e britânicos foi lançado em resposta às recentes campanhas militares com drones e mísseis contra navios comerciais no Mar Vermelho, registradas desde novembro passado.
Segundo informações dos próprios Houthis, a ação dos países do Ocidente provocou a morte de pelo menos cinco pessoas e feriu outras seis. Os Estados Unidos disseram que os ataques atingiram mais de 60 alvos em 16 locais diferentes, em regiões do Iêmen que são controladas pelos Houthis.
À medida que o bombardeio iluminava o céu antes do amanhecer sobre vários locais controlados pelos rebeldes, o mundo passou a voltar-se novamente para o Iêmen, país que vive emergência humanitária há décadas devido a diversas guerras civis e à influência da Arábia Saudita sobre determinados grupos.
O porta-voz militar dos Houthis, general Yahya Saree, disse em discurso gravado que os ataques “não ficarão sem resposta”. Hussein al-Ezzi, outro membro importante do grupo, afirmou que “a América e a Grã-Bretanha terão, sem dúvida, de se preparar para pagar um preço alto e suportar todas as terríveis consequências desta agressão flagrante”.
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"Ataques ao Iêmen são atos de terrorismo”, disse Mohammed Ali Al-Houthi, membro do Conselho Político Supremo Houthi
O Comando Central das Forças Aéreas dos Estados Unidos disse que os ataques se concentraram nas bases de comando dos Houthis, depósitos de munições, sistemas de lançamento, instalações de produção e sistemas de radar de defesa aérea.
O Reino Unido declarou que os ataques atingiram um local na região de Bani, supostamente usado pelos Houthis para lançar drones, além de um campo de aviação na localidade de Abbs que era usado para lançar mísseis e drones.
Manifestações em Sana'a
Dezenas de milhares de iemenitas se reuniram em várias cidades nesta sexta-feira para ouvir seus líderes condenarem os ataques dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha ao seu país. “Seus ataques ao Iêmen são terrorismo”, disse Mohammed Ali Al-Houthi, membro do Conselho Político Supremo Houthi, em discurso à multidão iemenita nesta sexta-feira (12/01).
Os rebeldes Houthis são formados por uma aliança de militantes tribais de Sa'ada, cidade norte do Iêmen. Alguns meios de comunicação insistem em classificar o grupo como representante dos interesses iranianos. Contudo, esses laços não explicam o sucesso dos Houthis em assumir o controle de grande parte do país.