Durante uma reunião interna no Departamento de Estado norte-americano, em Washington, uma funcionária do órgão denunciou a um general israelense que as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) abusam sexualmente das mulheres palestinas detidas, em uma escala “sistemática”.
Segundo a matéria publicada pelo jornal israelense The Jerusalem Post neste domingo (24/03), foi o próprio comandante Amir Avivi que revelou sua conversa com a norte-americana à Radio 103FM. Em entrevista a uma das estações mais populares de Tel Aviv, o general contou que ficou “chocado” diante do que classificou como uma “alegação” feita pela funcionária.
“Sentamos lá, conversamos sobre a situação e, de repente, ela acusou Israel de abusar sexualmente e sistematicamente de mulheres palestinas”, disse Avivi, segundo o The Jerusalem Post.
O general israelense ainda acrescentou que, durante a reunião, a funcionária teria reforçado que a Organização das Nações Unidas (ONU) apresentou evidências sobre os episódios de abusos sexuais diretamente ao governo de Israel. Avivi, no entanto, classificou as falas como “absolutamente desconexas da realidade”.
“Faz sentido que esse fenômeno exista e a mídia nunca tenha noticiado sobre?”, foi o questionamento que o israelense lançou à norte-americana. Na entrevista, Avivi ainda teria criticado que o Departamento de Estado dos Estados Unidos “simplesmente não fala e não passa nenhuma informação” a Israel.
Abuso sexual de palestinas
Na semana passada, a emissora catari Al Jazeera informou que uma mulher palestina relatou que as forças israelenses se aproveitaram da invasão ao hospital Al-Shifa, em Gaza, e abusaram sexualmente como também atacaram outras mulheres palestinas no local.
Em fevereiro, a ONU também revelou denúncias de mulheres palestinas que haviam sido detidas por Israel. O órgão internacional falou que elas estavam sendo submetidas a “múltiplas formas de agressão sexual”, desde 7 de outubro, quando o Exército israelense passou a intensificar suas operações na Faixa de Gaza.
Os funcionários da ONU também acrescentaram que centenas de mulheres e meninas palestinas foram detidas arbitrariamente desde o início da guerra.
Ao veículo Middle East Eye (MEE), uma mãe palestina de três filhos que havia sido presa pelas forças israelenses contou que chegou a ser revistada diversas vezes.
“Em todos os momentos da minha detenção, sempre que éramos transferidas, éramos revistadas”, disse a vítima, acrescentando que os seguranças “enfiavam as mãos no peito e dentro da calça” das mulheres, ameaçando-as para “calarem a boca”.
“Vi um grupo de mulheres palestinas nuas. Os soldados estavam me chutando e pedindo para eu também tirar minhas roupas. Eu recusei, mas continuaram me chutando e me batendo. Os soldados entravam e saíam da sala, enquanto estávamos todas nuas”, disse ela ao MEE.