Em 4 de abril de 1891, o pintor Paul Gauguin embarcou para o Taiti em busca de novas inspirações e sensações. O artista estava então no auge da fama e havia levado a efeito uma primeira revolução pictórica. Sua viagem iria ocasionar uma novidade e mudar a visão das pessoas sobre a Polinésia.
Paul Gauguin nasceu em 7 de junho de 1848 na família de um jornalista republicano. Tinha como avó materna Flora Tristan, uma militante operária que reivindicava uma origem peruana e se dizia filha adulterina de Simón Bolívar. Seu pai, obrigado a exilar-se após o golpe de Estado de Luis Napoleão Bonaparte, levou a família a uma estadia de vários anos em Lima. Por força dessa experiência, o pintor cultivaria ao longo de sua existência supostas “origens incas”.
Ao se aproximar dos 30 anos, Gauguin – empregado de uma casa de câmbio e pai de 5 filhos – abandona o trabalho e depois a família para se dedicar plenamente à pintura. Ele chega a participar dos últimos lampejos do impressionismo para em seguida se engajar na arte do simbolismo e na arte decorativa. Em busca de novas sensações, se estabelece em 1886 na Bretanha, onde se encontra com outros pintores de vanguarda.
Ao simplificar seus desenhos e cores e ao abandonar o modelo e a perspectiva, o pintor se afasta da imitação da natureza. Seu estilo é adotado pelos jovens artistas da escola de Pont-Aven, entre os quais Emile Bernard e Paul Sérusier, dando origem ao movimento dos ”Nabis”.
Em 1888, após uma viagem aventurosa pela América do Sul, Panamá e Martinica, Gauguin recebe proposta de Vincent Van Gogh para se juntar a ele em Arles, na casa onde o pintor projetava criar o “Ateliê do Meio Dia”. O encontro viria a ser pontilhado de brigas a ponto de Van Gogh, num momento de desespero, ter cortado o lobo de sua orelha.
Picryl
Gauguin morre na miséria, abatido pelo alcoolismo, em 8 de maio de 1903, nas Ilhas Marquesas
De volta a Paris, Gauguin aproveita a venda de algumas telas para organizar sua viagem ao Taiti. Próximo do simbolismo, põe em prática, a sua maneira, um célebre poema deste movimento artístico:
“A carne, desgraçadamente, está triste e eu já li todos os livros.
Fugir ! Ali, fugir ! Sinto que os pássaros estão livres
De estar entre a espuma desconhecida e os céus !”
(Stéphane Mallarmé, Brisa Marinha)
No Taiti, colonizado há pouco tempo pela França, o pintor buscou entre os indígenas maoris novas fontes de inspiração. Porém, a realidade trivial o decepciona e ele regressa à Europa em julho de 1893.
No entanto, dois anos mais tarde, ele retorna ao Taiti e em agosto de 1901, às Ilhas Marquesas, ainda virgens e distantes da civilização ocidental. Nos seus refúgios na Polinésia Francesa, Gauguin se comporta como um colono comum, reivindicativo em relação à administração, menosprezando os indígenas, amante do álcool e apreciador de carnes jovens.
Suas pinturas e esculturas representam o amor triste e os olhos vagos dos indígenas. Marcadas de pontos de interrogação – de onde viemos? Quem somos? Para onde vamos? – elas traduzem as angústias de uma cultura em crise. Morre na miséria, abatido pelo alcoolismo, em 8 de maio de 1903, nas Ilhas Marquesas.
Também nesta data:
1832 – Charles Darwin chega ao Rio de Janeiro no navio Beagle
1949 – É assinado em Washington o Tratado do Atlântico Norte
1952 – Argentina cria base permanente em Esperanza, na Antártica
1960 – Filme épico Ben-Hur é premiado com 11 Oscars
1968 – Martin Luther King é assassinado
1975 – Microsoft é criada por Bill Gates e Paul Allen