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Atualizado em 18.mai.2015, às 10h35
Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais, escritor, músico, poeta e homem de negócios, considerado como uma das figuras emblemáticas do Século das Luzes (XVIII), morre em Paris em 18 de maio de 1799, aos 67 anos, de apoplexia. Está enterrado no Cemitério Père-Lachaise em Paris.
Este filho de um relojoeiro parisiense conheceu uma ascensão social fulminante. Sua habilidade como relojoeiro lhe valeu penetrar na corte. Suas boas maneiras conquistaram a estima da marquesa de Pompadour, amante do rei Luís XV.
Casa-se em 1756 com a rica viúva Franquet, dez anos mais velha. A mulher morre um ano mais tarde e se suspeitou que ele a tenha matado. Seguiu-se o primeiro de uma longa série de processos e escândalos que marcaram sua vida. Assume o nome de Beaumarchais e passa a encarnar melhor que qualquer um o Antigo Regime decadente, com seus vícios, amoralismo, vaidade e também sua sociabilidade e alegria de viver.
Genial ‘fac totum’, adquire uma imensa fortuna e a perde em intermináveis processos. A mando de seu protetor, o banqueiro Joseph Paris, viaja para a Espanha em 1764 na corte de Carlos III. Lá encontraria inspiração para as suas duas grandes obras: “O Barbeiro de Sevilha” e “As Bodas de Fígaro”, base para os livretos das óperas de Rossini e Mozart.
Realiza missões secretas a serviço do rei Luís XV e depois, em 1775, é tomado de paixão pela insurreição das Treze Colônias inglesas contra Londres. Por conta do governo francês, iria fornecer armas aos insurgentes norte-americanos, contribuindo decisivamente para a sua vitória. A partir de setembro de 1775, Beaumarchais joga um papel político como intermediário entre os insurgentes e a França. Em 10 de junho de 1777, o ministro de Relações Exteriores lhe confia soma importante para apoiar secretamente os norte-americanos. Recebe autorização para vender pólvora e munição que são transportadas para os EUA pela companhia portuguesa Rodrigue Hortales e Cia..
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Em 3 de julho de 1777, reúne em sua casa 23 escritores e funda a Sociedade dos Autores Dramáticos. Obtém da Revolução o reconhecimento dos direitos do autor, automáticos à criação de uma obra, garantindo ao autor direitos patrimoniais e morais, notadamente o reconhecimento da paternidade da obra. Sob a Revolução escapa por pouco da guilhotina, sem jamais deixar de lado sua alegria.
Ao desqualificar as bases morais da monarquia com seus textos e peças, Beaumarchais abriu caminho para a Revolução, de maneira seguramente mais eficiente que Voltaire e Rousseau.
Trajetória
Beaumarchais nasceu em 24 de janeiro de 1732 em Paris, onde passou a vida toda. Foi inventor de mecanismo de relógio e de um mecanismo destinado a aperfeiçoar os pedais das harpas.
Torna-se em 1759 professor de harpa das filhas de Luís XV e se liga por amizade com o financeiro da corte, Joseph Paris, quem lhe abre as portas para o mundo das finanças e dos negócios. Acumula grande riqueza e passa a ser o encarregado geral das caixas de poupança. Encontra tempo para escrever pequenas peças para alguns teatros privados com teor humorístico próximos da farsa.
Em 1768, casa-se com a viúva Lévèque, que morre em 1770 aos 39 anos, deixando uma grande fortuna. Beaumarchais é acusado de fraudar a herança.
Fígaro, em mais uma adaptação da peça “O Barbeiro de Sevilha”, de Rossini, adaptada de Beaumarchais
Em 1774, conhece Marie-Therese Willermaulaz, quem se torna sua terceira esposa. Em março de 1786 é enviado a Londres para negociar a retirada de um libelo contra Madame du Barry, “Memórias Secretas de Uma Mulher Pública”, de Theveneau de Morande, missão com que espera reconquistar os favores da corte.
Em 8 de abril de 1775, é encarregado pelo novo soberano Luís XVI de impedir a publicação de um novo panfleto, “Advertência ao ramo espanhol sobre seus direitos à coroa da França à falta de herdeiros”, de um certo Angelucci. Esta missão o levaria à Inglaterra, aos Países Baixos, aos Estados alemães e à Áustria, onde ficou preso por um tempo acusado de espionagem, fato que foi explorado pela sua pena como uma aventura picaresca.
Em 1788, após importantes trabalhos de reconstrução inacabados, vende a Aimé Jacquot e Jean Hérisé a fábrica de papel de Plombières-les-Bains que havia adquirido em 1780. Em fevereiro de 1789, cede aos irmãos Claude Joseph e François Grégoire Desgranges as fábricas de papel de Arches e de Archettes de sua propriedade.
Em 1790, alia-se à Revolução Francesa e é nomeado membro provisório da Comuna de Paris. Todavia, deixa logo os negócios públicos para se ver livre de novas especulações, menos felizes desta vez. Arruína-se ao pretender fornecer armas às tropas da República. Torna-se suspeito perante a Convenção e é aprisionado sob o Terror. Escapa, no entanto, ao cadafalso e se mantém clandestino durante anos. Exila-se em Hamburgo, porém retorna à França em 1796 onde passa seus últimos dias.
Também nesta data:
1632 – Sultão otomano Murad IV derrota os rebeldes janízaros em Istambul
1804 – Napoleão é nomeado Imperador da França
1935 – Morre britânico “Lawrence da Arábia”
1944 – Aliados conquistam o Monte Cassino na Itália
1974 – Índia junta-se ao clube nuclear