Atualizada às 8h de 29/03/2016
Eugène Ionesco, nascido Eugen Ionescu, dramaturgo e escritor romeno e francês, representante do teatro do absurdo, morre em Paris em 29 de março de 1994 e é enterrado no cemitério de Montparnasse. Escreveu numerosas peças entre as quais as mundialmente famosas “A Cantora Careca”, “As Cadeiras” e “Rinoceronte”.
Quando se evoca hoje o nome de Ionesco, pensa-se antes de mais nada em seu teatro e à onda de inovação dramática do pós-guerra. Pensa-se quase imediatamente em “A Cantora Careca” e “A Lição”, que o Teatro de la Huchette não cessou de apresentar desde 1957. A edição de “O Teatro Completo de Ionesco”, publicado pela editora Gallimard consagra seus textos dramáticos o que o fez gozar, ainda em vida, do raro privilégio de poder alardear pertencer ao Panteão das Letras.
Quem poderia dizer em 1938 que o jovem crítico romeno, autor de “Não”, que rejeitava a mimese teatral, se tornaria um dia um dos pilares do Teatro Novo ? E quem ousaria pensar em 1950 que o modesto autor de “A Cantora Careca” seria um sucesso mundial inconteste?
Ionesco, nascido em 26 de novembro de 1909 em Slatina, Romênia, era filho de um jurista da administração real e da filha de um engenheiro francês que cresceu na Romênia. Em 1913, a família migra para Paris. Quando, em 1916, a Romênia declara guerra à Alemanha e à Áustria, o pai regressa ao país, cortando todas as suas ligações com a família, pede divórcio e casa de novo.
Ionesco manteria uma relação execrável com esse pai oportunista e tirânico. Retorna com a família para a Romênia e, em 1928, começa seus estudos do idioma francês em Bucareste. Ali conhece sua futura mulher, Rodica Burileanu. Paralelamente, lê e escreve bastante poesia, romances e críticas literárias. Concluído seus estudos em 1934 passa a lecionar francês em diferentes escolas. Casa-se em 1936. Em 1938 ganha uma bolsa do governo a fim de preparar tese de doutorado sobre os temas do pecado e da morte na poesia moderna.
Ao começar a guerra, muda-se para Marselha onde se interessa por Kafka, Proust e Dostoiévski.
Após a invasão nazista em maio-junho de 1940, ele e a mulher regressam à Romênia. Em agosto de 1940, o país teve de ceder o norte da Transilvânia à Hungria e a Bessarábia à União Soviética. Porém tudo muda após a aliança da Romênia com Berlim e sua entrada em guerra contra a União Soviética.
Ionesco prefere voltar à França em 1943, primeiro em Marselha e depois em Paris. O casal conhece um período de dificuldade financeiras. Ionesco passa a trabalhar como revisor numa editora.
Em 1947, Ionesco concebe sua primeira peça, “A Cantora Careca”, que é encenada em 1950, com algum sucesso de crítica mas não de público. No mesmo ano adota a nacionalidade francesa.Continua a escrever peças: “A Lição” e “Jacques ou a Submissão” fazem dele um dramaturgo francês.
Em 1951 seguem “As Cadeiras”, “O Mestre e O Futuro”. Em 1952 escreve a peça “Vítimas do Dever” que tem uma acolhida favorável.
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Ionesco passa a ser reconhecido como um dramaturgo jogando espiritualmente com o absurdo e já consegue viver dos direitos de suas peças.
Em 1954 lança “O Quadro”, em 1955, “O Improviso da Alma” e vê representar pela primeira uma peça sua, “O Novo Locatário”, no exterior.
No outono de 1957 surge “Rinoceronte”, uma nova peça em que Ionesco manifesta seu pavor diante da explosão do patriotismo chauvinista que envolvia a França por ocasião da “Batalha de Argel”. Quando foi levado à cena, o público pôde sentir a inquietação do autor face ao “confisco do poder” pelo general de Gaulle e pelo fato de que muitos de seus partidários esperavam o estabelecimento de um regime autoritário de direita. Como a peça tocava em questões muito delicadas na França, a peça é levada ao palco pela primeira vez em Dusseldorf, em 1959, e o público alemão a viu como uma crítica ao nazismo.
É eleito para a Academia Francesa em 1970. Em 1975 escreve sua derradeira peça, “O Homem das Malas”.
Quando falece, aos 85 anos, era não somente o ícone do teatro do absurdo mas também considerado como um dos maiores dramaturgos do século XX.
A presença de Ionesco no espaço literário do pós-guerra faz dele uma personalidade iconoclasta e vanguardista, um dos raros autores reconhecido em vida como um ‘clássico’. Dramaturgo, ensaista, romancista, conferencista que se notabilizou pelo seu engajamento político, tornou-se com “Rinoceronte”, “O Rei Está Morrendo”, “A Sede e a Fome”, “Jogos Massacrantes” e sua própria versão de “Mac Beth”, série da grandes peças trágicas, um escritor que ocupa um lugar essencial na literatura mundial.
Adaptação da peça “O Rinoceronte” para o cinema
Eugene Ionesco é considerado, ao lado do irlandês Samuel Beckett, como o pai do “Teatro do Absurdo” para o qual é necessário “sobre um texto burlesco um desempenho dramático; sobre um texto dramático, um desempenho burlesco”. Além do ridículo das situações as mais banais, o teatro de Ionesco representa de maneira palpável a solidão do homem e a insignificância de sua existência.
Também nessa data:
1880 – França decreta fim da educação jesuíta nas escolas públicas do país
1945 – General Patton toma a cidade de Frankfurt
1951 – Casal Rosenberg é declarado culpado de espionagem
1973 – Estados Unidos se retiram do Vietnã
2002 – Na segunda Intifada, Israel declara Yasser Arafat como inimigo