Hoje na História: 1991 - polícia política soviética, KGB, é dissolvida pelo Conselho de Estado
Órgão foi criado com esse nome durante a Guerra Fria, para evitar e impedir intervenções dos Estados Unidos
Em 12 de outubro de 1991, a KGB, órgão policial e de segurança do Estado soviético, foi dissolvida pelo Conselho de Estado e substituída por novos serviços sob responsabilidade de diferentes ministérios.
Em 1954, com o início da Guerra Fria, a KGB foi criada para evitar a influência e a intromissão dos Estados Unidos e de outras potências ocidentais em países sob influência de Moscou, mas também para manter a estabilidade política interna.
KGB é o acrônimo em russo para Komitet Gosudarstvennoi Bezopasnosti, Comitê de Segurança do Estado, tendo sido a principal organização de serviços secretos durante o período soviético.
Depois da desintegração da União Soviética, o serviço secreto dividiu-se em setores externo e interno. Os sucessores da KGB são o Serviço Federal de Segurança da Federação Russa, que garante a segurança interna, e o Serviço de Informação Estrangeira.
A União Soviética sempre teve uma polícia política muito poderosa, presente em todas as etapas da sua história e na captação de informações em todo o mundo.
A KGB era uma polícia secreta e política que não tinha equivalente no mundo, porque se situava num nível completamente diferente dos outros serviços secretos, pois constituía igualmente um ministério. Dispunha de trezentos mil associados, blindados, caças e barcos, sendo uma organização militar totalmente independente das Forças Armadas.

Paola Orlovas
KGB é o acrônimo em russo para Komitet Gosudarstvennoi Bezopasnosti, Comitê de Segurança do Estado
A organização compreendia 5 direções-gerais. A primeira e mais importante incluía a subdireção dos agentes que viviam fora do país sob uma falsa identidade; a subdireção cientifica e técnica; um serviço de contra-espionagem; serviço de ação; e um serviço de ações violentas - assassinatos, atentados, sequestros, bombas.
Suas origens remontam a antes da Revolução Russa, quando Felix Dzerjinski fundou o grupo paramilitar Tcheka, instituição que seria a matriz de todos os serviços secretos do país.
O nome de Dzerjinski é sempre lembrado quando se fala da KGB. Era o nome da praça onde o quartel general dos serviços secretos tinha lugar.
Felix Dzerjinski, íntimo de Lenin, dele recebeu a missão em 20 de dezembro de 1917 de criar um órgão que teria o objetivo de detectar as forças contrarrevolucionárias. Assumiu o nome de Comissão Pan-Russa contra a Contrarrevolução e a Sabotagem, logo conhecida como "Tcheka".
Em 30 de agosto de 1918, o chefe da Tcheka da cidade de São Petersburgo, Moissei Ouritski, foi assassinado. Em resposta, a Tcheka desencadeou em 2 de setembro o que se chamaria de o “Terror Vermelho” eliminando inúmeros contrarrevolucionários.
Em 1921, Dzerjinski acumulava os mandatos de diretor da Tcheka, Comissário do Povo do Interior e Comissário dos Meios de Comunicação.
Em 7 de fevereiro de 1922, a Tcheka foi substituída pela GPU (Direção Política do Estado), subordinada à NKVD (Comissariado do Povo do Interior), tudo sob a chefia de Dzerjinski. Em 1923 muda o nome para OGPU (Direção Política do Estado Unificada).
Em 1946, a NKVD tornou-se MVD (Ministério do Interior), um dos principais atores na caça aos colaboradores e ativistas nacionalistas anticomunistas, ao lado do MGB (Ministério da Segurança do Estado).
Nos Estados Unidos, a CIA acabava de ser criada. Os órgãos de informações exteriores do MGB e da GRU (Direção Principal de Informação) foram reagrupados em um só organismo, o KI (Comitê de Informação), junção que resultou em fracasso.
Em 5 de julho de 1978, a KGB retoma seu status ministerial e é colocada sob controle direto do Primeiro Secretário do Partido Comunista e do Conselho de Defesa, órgão supremo da União Soviética.
Em dezembro de 1990, um departamento especializado na luta contra o crime organizado foi criado no seio da KGB. No entanto, nessa época, já se tratava intensamente da dissolução da KGB.
O último ato da KGB foi a nomeação por Gorbachev, em 30 de setembro de 1991, de Yevguenyy Primakov para a sua chefia, com a missão de planificar a criação de um futuro serviço de informações exteriores.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.